Na prateleira, venda de experiências para a classe média

Valor Econômico

Certas de que boa parte dos consumidores com renda familiar mensal em torno de R$ 5 mil (US$ 2,9 mil) já estão prontos a comprar coisas que não podem tocar, as empresas que vendem experiências começam a invadir o grande varejo. Supermercados, redes de móveis e eletroeletrônicos e até revendedoras de produtos de beleza que trabalham no porta a porta são os novos canais de empresas como O Melhor da Vida, A Vida é Bela, Smart Box, Pandora e Viver! Experiências.

Até hoje, internet e livrarias concentravam as vendas dos kits de experiência - uma caixinha contendo um catálogo de opções em determinado tema (zen, aventura, beleza etc), acompanhado de um voucher que dá direito ao serviço escolhido. Entre as opções, desde um rally a pé nas montanhas (R$ 49/US$ 28,8), passando por um banho de ofurô com pétalas de rosas e massagem para os pés (R$ 119/US$ 70), até dirigir uma Ferrari em Interlagos (R$ 600/US$ 353).

"A venda de experiências no Brasil deve emplacar principalmente por causa da classe C", diz Cristina Reis, diretora de A Vida É Bela, empresa portuguesa que tem filiais no Brasil e na Espanha. Segundo Cristina, a classe C terá esse momento como uma aspiração. A executiva pretende fazer a presença da marca saltar dos atuais 10 pontos de venda (todos na Fnac) para 300 este ano. No Brasil, onde está desde 2009, o A Vida É Bela faturou R$ 2 milhões (US$ 1,14 milhão) em 2010 e projeta R$ 25 milhões (US$ 14,7 milhões) para este ano. No exterior, o faturamento foi de € 60 milhões ano passado.

Criada no fim de 2010 pelo português Ricardo Ferreira, executivo que comandou a chegada do A Vida É Bela ao Brasil, a Pandora Experiências acaba de fechar uma parceria com a Máquina de Vendas para oferecer os seus kits nas três redes da varejista de móveis e eletro - Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar, que juntas somam cerca de 800 pontos de venda. Nas lojas, os kits da empresa devem chegar antes do Dia das Mães, em maio, mas no site da Ricardo Eletro já serão oferecidos a partir do próximo mês, a preços que vão de R$ 70 (US$ 41,2) a R$ 350 (US$ 206). A meta da Pandora é faturar R$ 8 milhões (US$ 4,7 milhões) este ano.

Com 80% das suas vendas concentradas no segmento corporativo, o site O Melhor da Vida está aumentando esforços para conquistar o consumidor comum. A empresa iniciou este ano a venda porta a porta, aproveitando as revendedoras de produtos de beleza, entre outros profissionais. "Queremos que a representatividade do varejo no faturamento dobre para 40%", diz Jorge Nahas, sócio do site. Criado em 2009, O Melhor da Vida faturou R$ 5,6 milhões (US$ 3,2 milhões) em 2010 e projeta receita de R$ 10 milhões (US$ 5,9 milhões) este ano. O empresário fechou parceria com a rede Mundo Verde, dona de 180 lojas de produtos naturais. Para o varejo, o preço dos kits vai de R$ 49 (US$ 28,8) a R$ 1 mil (US$ 588). Acima desse valor, até R$ 40 mil (US$ 23,5 mil), os produtos são voltados especialmente ao segmento corporativo, que pode comprar o kit para premiar altos executivos. Neste caso, há experiências bem mais ambiciosas, como dividir caçarolas em Paris com um chef dono de três estrelas no Guia Michelin.