03/02/17 14h21

Nestlé planeja dobrar produção no Brasil

Valor Econômico

A Nestlé planeja dobrar o tamanho da sua operação de ração animal no Brasil até 2020. Dona de marcas como Purina, Proplan, Dog Chow, Catchow, Revena e Friskies, a empresa já lidera o mercado de ração no país, com uma participação de 17,3%, de acordo com dados da Euromonitor International. Como parte desse esforço, a empresa inaugura hoje, em Ribeirão Preto (SP), uma fábrica dedicada à produção de ração úmida para cães e gatos, com capacidade para produzir 30 mil toneladas por ano.

A fábrica recebeu R$ 270 milhões, que fazem parte de um plano de investimento de R$ 500 milhões da companhia para a área de ração animal. Esse valor será investido até 2020 na ampliação da produção e no desenvolvimento de novas linhas de rações no Brasil. Além da ração úmida, a Nestlé vai produzir no mercado doméstico alimentos com propriedades medicinais para animais com problemas neurológicos.

Anderson Duarte, presidente da Nestlé Purina para o Brasil, disse que o alimento úmido ainda é pouco difundido no país: "Do total de consumidores que compram ração animal, 13% a 15% levam para casa ração úmida. Em outros países, como Estados Unidos e Japão, os índices variam de 70% a 80%. Nosso objetivo é acelerar esse consumo com a produção local."

Segundo a Euromonitor, o mercado de ração úmida movimentou no Brasil 14,2 mil toneladas no ano passado, com crescimento de 2,4% em relação a 2015. Em receita, a categoria cresceu 9,6%, para R$ 192,3 milhões. Esse segmento é dominado pelas empresas Mars (com as marcas Pedigree, Royal Canin e Whiskas), Mogiana Alimentos (Sabor e Vida, Top Cat e Faro) e Dumilho (Bomguytos).

Com base no mercado total de rações, inclusive seca, a Nestlé é a maior empresa do setor, com 17,3% de fatia, seguida pela Nutriara (dona da marca Foster), com 7,7%, e Total Alimentos (com as linhas Equilíbrio, Max e Naturalis), com 7,4%. Na América Latina, a Nestlé é a segunda colocada, com 21,5%, atrás da Mars, com 27%.

Fernando Mercê, presidente da Nestlé Purina para América Latina, disse que com a fábrica nova a empresa vai atingir no país uma capacidade equivalente a 35% a 40% do volume total produzido no mercado. "Considerando o baixo índice de ração úmida no país, acredito que a ampliação da oferta de linhas deve contribuir para aumentar o consumo", afirmou.

Em um primeiro momento, a produção na fábrica vai substituir a importação de sachês de ração úmida, que antes vinham dos EUA e da França. As principais concorrentes já produzem parte de suas linhas no Brasil.

Duarte disse que os sachês da Nestlé Purina são vendidos, hoje, no país a preços de 20% a 30% acima do seu principal concorrente em ração úmida - a Mars. Com a produção no Brasil, a Nestlé vai conseguir reduzir a diferença de preço em relação às rivais. Duarte disse que a meta é alcançar a liderança na categoria em cinco anos.

A Nestlé Purina conseguiu crescer acima da média do mercado no ano passado e espera, em 2017, acelerar o ritmo, com a ampliação da oferta de produtos, disse Duarte. "A categoria de nutrição animal tem mostrado resiliência nos últimos três anos, durante a fase de recessão econômica no Brasil. A perspectiva para este ano é de uma melhora na economia, o que deve levar o setor a voltar a crescer dois dígitos", afirmou.

A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) estima que o setor fechou 2016 com avanço de 5,7% em faturamento, para R$ 19 bilhões. A entidade não tem projeção de crescimento para 2017.

De acordo com a Euromonitor, o Brasil possui a terceira maior população de animais de estimação do mundo, com 139,5 milhões animais, atrás da China e dos Estados Unidos. Em consumo de ração, é o segundo maior país, atrás dos EUA, com um volume de 2,33 milhões de toneladas em 2016.

Mercê acrescentou que o foco da nova fábrica em Ribeirão Preto (SP) é atender ao mercado brasileiro, mas a companhia poderá usar essa estrutura futuramente para exportar algumas linhas para países do Cone Sul. "A Nestlé tem produção local em quase todos os países em que vende. Na América Latina, a Nestlé Purina já possui fábricas no México, na Argentina, no Chile, na Colômbia e Venezuela", afirmou. Em relação à intenção do governo Trump de restringir as importações de produtos e estimular a produção local, Mercê disse que 99% da produção da Nestlé nos Estados Unidos é vendida no próprio país. "Não prevemos nenhum impacto com a restrição as importações", afirmou o executivo.