03/12/10 11h29

Nielsen começa a pesquisar "atacarejo" e região Norte do país

Valor Econômico

"Nunca vi ninguém da Nielsen fazendo pesquisa em supermercado." Quando escuta essa frase, João Carlos Lazzarini, diretor de atendimento da Nielsen, empresa de pesquisas de mercado, tem a resposta na ponta da língua: "Não viu e nem vai ver", diz ele. "A maior parte dos dados é enviada por meio eletrônico. Assim que o produto passa pelo caixa do supermercado, o dado vai automaticamente para nosso levantamento", explica o diretor. Toda essa tecnologia vai ser agora expandida para duas áreas em que a Nielsen não atuava: o Norte do país e o canal de vendas "cash and carry" - lojas de atacados que atendem também o consumidor do varejo, ou seja, o famoso "atacarejo"

A partir de 2011, a empresa que mede atualmente o comportamento de vendas de mais de 140 tipos de produtos em 16 Estados brasileiros divididos em sete "áreas Nielsen", vai passar a fazer suas pesquisas de mercado nas maiores cidades de outros sete Estados do país (Pará, Amazonas, Tocantins, Mato Grosso, Roraima, Rondônia e Acre). Com relação aos canais de venda, o "atacarejo" começa a ser pesquisado, assim como acontece com supermercados, farmácias, bares e padarias.

"Em 2008, 18% das famílias faziam compras no 'atacarejo' regularmente", diz Lazzarini. "Hoje, esse número cresceu para 26%, o que significa a entrada de 3,1 milhões de lares nesse tipo de canal de vendas", diz o executivo. O Nordeste é a região em que a representação do "atacarejo" mais cresceu. Há dois anos, 13% dos lares daquela região faziam compras nesse canal de venda. Este ano, o percentual pulou para 26%. "O avanço, tanto do consumo no Norte e no Nordeste do país, quanto do 'cash and carry' como canal de vendas são inegáveis e as pesquisa da Nielsen têm que levar isso em conta", afirma Lazzarini.

A companhia, que está completando 40 anos de atividades, também está implementando um novo sistema de pesquisa com resultados diários, pelo qual é possível saber quais as marcas mais vendidas durante um único dia. "Alguns clientes varejistas já estão usando esse novo serviço, que dá o retrato das vendas em um único dia, com as marcas mais comercializadas e seu percentual de mercado naquele intervalo", diz o diretor. "Com essa nova ferramenta, é possível comparar o comportamento de vendas de uma quarta-feira com outras quartas-feiras de um mesmo mês, ou de outro mês, ou até mesmo com outros dias da semana", explica ele.

A Nielsen - que concorre no Brasil com Euromonitor, Kantar e a GfK - não revela seu faturamento no país. A empresa, que começou sua atuação no Brasil em 1970 com poucas dezenas de executivos e hoje tem 1,1 mil funcionários, teve no ano passado ganhos globais antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) de US$ 1,3 bilhão e vendas totais de US$ 4,8 bilhões. Controlada pelos fundos de private equity KKR, Thomas H. Lee Partners, Blackstone e Carlyle, a Nielsen prepara sua oferta inicial de ações estimada em até US$ 1,75 bilhão na Bolsa de Nova Iorque.