23/12/09 10h07

Nível de emprego cresce mais do que o PIB

Valor Econômico

A retomada brasileira no pós-crise trouxe para o emprego um ritmo de crescimento que é o dobro do observado pelo conjunto da economia. Até setembro, o emprego formal cresceu 2,9% em relação ao estoque de empregados no fim do ano passado. Em comparação semelhante, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre foi 1,5% superior ao do último trimestre de 2008. Também em 12 meses, o emprego segue na frente, na mesma proporção: a alta até setembro foi de 0,95%, enquanto o PIB ficou 1% menor.

Após setembro, as contratações continuaram em ritmo acelerado até alcançar, em novembro, alta de 4,4% no ano, percentual que pode cair um pouco em dezembro, mas que ficará muito acima do resultado próximo a zero esperado para o comportamento do PIB ao longo do ano. Esse ritmo muito superior do emprego em relação à atividade, dizem os analistas, é próprio de momentos de retomada, da mesma forma que, em períodos de crise, a queda no emprego antecede à da atividade. Já em 2010, o ritmo dos dois indicadores deve ficar mais próximo ao padrão do período 2006 a 2008. O crescimento do emprego agora, dizem, reflete perspectivas positivas dos empresários sobre o futuro dos negócios.

Analistas consultados pelo Valor não têm dúvida em afirmar que as informações disponibilizadas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) na semana passada sinalizam um crescimento do PIB próximo, ou mesmo superior, a 6% no próximo ano - o maior, portanto, dos oito anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A forte abertura de vagas, em diferentes setores, ultrapassa a velocidade de recuperação da atividade, "contratando" o crescimento futuro. "Há uma clara relação entre emprego e PIB, afinal mão de obra é fator de produção, ou seja, sempre que há demanda para ser atendida, haverá, em maior ou menor escala, mais contratação de pessoal", explica Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.