04/12/09 16h06

Nizan traça expansão internacional

Valor Econômico

"Vamos comprar tudo que pudermos na área digital no mundo. Estamos começando pelos Estados Unidos", disse ontem o publicitário Nizan Guanaes, ao anunciar em São Paulo a aquisição de sua segunda agência em território americano, a californiana Dojo. Fundador do Grupo ABC, que fecha o ano com receita de R$ 420 milhões (US$ 244,2 milhões), Nizan afirmou também que a companhia - que agora reúne 18 empresas da área de comunicação - tem US$ 60 milhões em recursos próprios para aquisições planejadas para os próximos três anos. O publicitário acrescentou que vai inaugurar uma nova sede do grupo em Nova York no segundo semestre de 2010.

"O Brasil é o novo rico do mundo. Está lotado de dinheiro mas não conhece as coisas. Nossa intenção com a sede em Nova York é mostrar para empresários americanos o caminho das pedras para investir no país", afirmou Nizan. Ele não revelou o quanto pagou pela Dojo, mas disse que tem preferência por empresas do setor digital (internet e conteúdo) porque são mais baratas. "Não tenho capital para competir no exterior comprando agências tradicionais", disse ele, que agora tem seis agências sob o guarda-chuva do ABC: a Pereira O´Dell, aberta em São Francisco, EUA, em março passado, a nova Dojo, além da África, DM9DDB, Loducca e a MPM, todas quatro no Brasil. A MPM, entretanto, sofreu um revés anunciado ontem: sua presidente, a publicitária Bia Aydar está deixando o comando da agência até o fim do ano.

Bia e sua irmã Fernanda Nigro estão montando a Semparar Comunicações, com a qual voltam a atuar na área de eventos. "Depois de sete anos na MPM, resolvemos que esse era o momento de voltar, mas com uma empresa que não tem nada a ver com o modelo anterior", explicou Bia. A Semparar, segundo ela, não vai promover eventos, mas atuará no que ela chama de arquitetura do negócio. "Toda a parte da burocracia, das conexões com prefeituras e governos locais e com os órgãos públicos e privados dos quais um evento depende para acontecer ficarão a nosso cargo", disse Bia, que está de olho nas empresas que querem investir no país por conta da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Foi ela a autora do material de apresentação do Brasil ("bid book") entregue ao Comitê Olímpico Internacional para candidatura do país aos jogos de 2016.

A nova empresa, embora independente do Grupo ABC, começa a atuar em fevereiro do ano com seu primeiro contrato, que é com a agência MPM. "Todos os clientes da MPM continuarão com a gente. Mas preferimos sair do grupo para não ficarmos limitados a esse conjunto de clientes", explicou Bia. O contrato com a MPM também foi comemorado por Nizan. "Perder a Bia e a Fernanda totalmente seria um desastre", disse ele, que deve anunciar na semana que vem como vai repor o cargo da publicitária na MPM.

"Com esses dois grandes eventos acontecendo no Brasil, o país será invadido por empresas internacionais desse setor", disse Bia. Por isso, segundo Nizan, a decisão da publicitária de deixar o grupo, embora esteja sendo difícil para ele, foi acertada. "Ou esse mercado de eventos nacional se torna competitivo, com empresas que promovam eventos em escala, como se propõe a Semparar, ou essas empresas internacionais tomarão o mercado", disse ele. Bia disse que não precisou de investimento inicial para a empresa. Acrescentou também que não pretende revelar a projeção de faturamento que planeja para os próximos anos.