23/02/18 11h38

Norwegian prepara chegada ao Brasil

Valor Econômico

Terceira maior aérea "low cost" da Europa, a Norwegian Airlines prepara sua chegada ao Brasil. A empresa marcou uma reunião com autoridades do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no início de março, para detalhar seus planos de operação no país.

Tudo indica que a companhia fará um pouso ousado. Ela já obteve, por exemplo, sinal verde do governo argentino para fazer voos de Buenos Aires para 13 destinos brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Fortaleza, Recife, Natal, Maceió e Porto Seguro (BA). Também ganhou o direito de fazer outras quatro rotas: Mendoza-São Paulo, Córdoba-São Paulo, Córdoba-Rio e Córdoba-Salvador.

Com capital norueguês e sede fiscal na Irlanda, a Norwegian tem sua base operacional em Gatwick (segundo maior aeroporto de Londres). Na Europa, usa basicamente aeroportos secundários para baixar custos. Ela iniciou, na semana passada, voos ligando Buenos Aires e Gatwick.

A companhia já anunciou planos de investir US$ 4,3 bilhões na América do Sul nos próximos dez anos e criou uma subsidiária na Argentina, no ano passado, para concentrar essas operações. A intenção é ter o país vizinho como "hub" (centro de conexões) para voos internacionais e atingir uma frota de 50 a 70 aeronaves.

As autoridades aeronáuticas brasileiras têm a expectativa de ouvir da Norwegian se ela deseja também voar entre Londres e o Brasil, especialmente para o Nordeste. A companhia já desponta como grande operadora mundial do Boeing 787 Dreamliner e do Airbus A321 Neo. Essa segunda aeronave teria autonomia suficiente para fazer uma ligação direta entre Europa e capitais nordestinas, como Fortaleza e Natal.

Atrás da EasyJet e da Ryanair, a Norwegian teve um rápido crescimento e se estabeleceu como terceira grande empresa de baixo custo da Europa. Mas preferiu apostar em um nicho diferente das duas primeiras e investir sobretudo em voos de longa distância - principalmente para os Estados Unidos. Para aproveitar a potencialidade de ambas, EasyJet e Norwegian fizeram recentemente uma parceria que gira em torno das operações no aeroporto de Gatwick - mandando passageiros da Europa continental para voos de longo curso, e vice-versa.

O interesse da empresa no Brasil foi lembrado por autoridades do setor como exemplo das desvantagens de um mercado mais fechado. A Argentina, escolhida como base das operações sul-americanas, não tem vedações ao capital externo na aviação. Já o investimento estrangeiro em aéreas brasileiras é limitado ao teto de 20% das ações com direito a voto.

Em abril do ano passado, o governo enviou um projeto de lei ao Congresso Nacional para acabar com esse limite. Desde então, sua tramitação anda lentamente e o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) ainda não tem perspectivas de votação no plenário. O secretário nacional de Aviação Civil, Dario Rais Lopes, disse em dezembro que havia a possibilidade de flexibilizar o texto original e dividir a abertura do setor aéreo em mais de uma fase. Não houve, porém, negociações concretas sobre isso.