09/05/11 14h12

Nova CEO quer equilíbrio nos focos da Bayer CropScience

Valor Econômico

Encarada por muito tempo como uma "empresa-projeto", a ETH Bioenergia deverá se firmar nesta safra entre as três maiores produtoras de etanol do país, com uma oferta prevista de 1,6 bilhão de litros do biocombustível - sendo 350 milhões de litros de anidro. Nesta temporada (2011/12), a disponibilidade de cana permitirá à companhia moer entre 18 milhões e 19 milhões de toneladas, o dobro do ciclo passado. O faturamento também deverá dobrar, de R$ 1 bilhão (US$ 625 milhões) para entre R$ 2,2 bilhões (US$ 1,38 bilhão) e R$ 2,3 bilhões (US$ 1,44 bilhão) na mesma comparação. As duas últimas usinas em obras da ETH estão programadas para entrar em operação no último trimestre deste ano, o que elevará o número de unidades para nove e fechará a primeira fase de investimentos da empresa, que tem foco em etanol e bioeletricidade.

O volume de etanol produzido pela ETH em seus primeiros quatro anos de existência praticamente empatou com o da Raízen (Cosan/Shell) e o da LDC Bioenergia, do grupo francês Louis Dreyfus. Mas a façanha teve um preço. No fim da última safra, a dívida bruta da companhia estava em aproximadamente R$ 4 bilhões (US$ 2,5 bilhões). Quando a maturação de todos os seus investimentos estiver completa, a ETH estima faturar R$ 5 bilhões (US$ 3,13 bilhões). Se neste ciclo a ETH promete brigar pela liderança em etanol no país, no próximo (2012/13) tem a chance de assumir finalmente a tão esperada dianteira, caso nenhuma grande fusão ou aquisição aconteça. E essa posição de destaque vem à tona justamente em um momento em que o etanol é reconhecido pelo governo como produto estratégico para a política de combustíveis do país.

Recorrentemente questionado sobre eventuais negociações com a Petrobras - que claramente busca assumir uma posição de relevância na produção de etanol no Brasil -, José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia, nega com veemência que haja qualquer conversa ou aproximação com a estatal. Mas não destila críticas à posição do governo de se mostrar disposto a exercer algum controle sobre o mercado de etanol. Ele pondera, no entanto, que deixar essa questão em aberto contribui para um clima de instabilidade e pode significar insegurança na decisão de investimento.

No primeiro trimestre de 2012 a ETH terá investido, no total, R$ 8 bilhões (US$ 5 bilhões) em suas nove usinas (todas com cogeração de energia elétrica), que juntas terão capacidade instalada para fabricar cerca de 3 bilhões de litros de etanol, 2,7 gigawatts/hora por ano de energia e 600 mil a 700 mil toneladas de açúcar. O montante é superior aos R$ 7,3 bilhões (US$ 4,6 bilhões) previstos inicialmente. O valor adicional veio, principalmente, da necessidade de implantar mais canaviais do que o planejado, segundo Grubisich.

Com isso, atualmente de 75% a 80% da cana da ETH vem de canaviais próprios, proporção que a empresa quer reduzir nos próximos anos para 55% a 60%. Grubisich estima que do total de R$ 8 bilhões (US$ 5 bilhões) que estão sendo investidos, R$ 2 bilhões 1,25 bilhão) alimentam a parte agrícola da operação, o que inclui a mecanização de 100% das áreas. Mesmo assumindo o projeto agrícola, a empresa corre contra o tempo para alinhá-lo com a capacidade industrial. Apesar de a ETH prever que em abril do ano que vem já disporá de fábricas para moer 40 milhões de toneladas de cana, sua disponibilidade de matéria-prima só permitirá o processamento de 32 milhões de toneladas na safra 2012/13, que começará em abril.