03/08/12 10h20

Nova fábrica atrai projetos para cidade

Valor Econômico

O engenheiro Mário Tanigawa não tem dúvidas de que a descendência japonesa e a habilidade no idioma ajudaram para que ele assumisse a secretaria de desenvolvimento de Sorocaba, em outubro de 2009. Fazia um ano que o município havia fechado acordo com a Toyota para a instalação da fábrica no distrito que começa a se transformar numa nova área industrial, a chamada zona norte.
 
A Toyota abrirá inicialmente 1,5 empregos em Sorocaba e região - a fábrica está praticamente colada ao município vizinho de Porto Feliz. Mas Tanigawa calcula em 10 mil o número de vagas diretas por conta de fornecedores. Embora a empresa faça segredo sobre planos da etapa de expansão seguinte, o secretário municipal já sonha com ampliação industrial.
 
A informação de que o Etios, nome do modelo que será fabricado em Sorocaba, vai concorrer com automóveis como o Gol é suficiente para qualquer um concluir que a Toyota não vai ficar nas 70 mil unidades anuais, previstas no plano inicial de produção do compacto. Com 30 anos de estrada e quase 300 mil unidades comercializadas em 2011, o Gol é o carro mais vendido em toda a história da indústria automobilística brasileira.
 
A Volkswagen não vai deixar por menos. Depois de reestilizar seu campeão de vendas, a montadora lançará, hoje à noite, no horário nobre da novela das 21h da Rede Globo, campanha publicitária do Gol com o jogador Neymar.
 
Longe da disputa entre as marcas, Sorocaba se prepara para a festa de inauguração. Até a rodovia Castello Branco, onde a Toyota ocupa espaço que antigamente pertencia a uma chácara, mudou. Com recursos do governo do Estado, o quilômetro 94 ganhou um novo viaduto de acesso para facilitar o retorno de quem vai para a Toyota no sentido capital-interior. Não fosse essa obra, seria necessário percorrer quase dez quilômetros para o retorno.
 
"Com o funcionamento da linha de montagem, haverá um movimento diário próximo de 800 caminhões no local", justifica Tanigawa. Já está pronto também, praticamente ao lado da Toyota, o parque tecnológico. Trata-se de uma área destinada a abrigar equipe de engenharia de empresas e instituições de ensino. Como incentivo, o governo estadual oferece, para as empresas que se instalarem no parque, a devolução de créditos de ICMS acumulados com exportações.
 
Segundo o secretário, 70% da economia do município já vem da indústria. Além de empresas instaladas há vários anos, como a alemã ZF, de autopeças, que deslocou produção do ABC, e a Johnson Controls, fabricante de baterias, mais de uma dezena de fornecedores de componentes de veículos se instalaram em áreas vizinhas, atraídas pela Toyota. Com a montadora japonesa e fornecedores, segundo o secretário, a área industrial total de Sorocaba aumentou de 50 milhões de metros quadrados para 72 milhões. "Estamos vivendo um marco de antes de depois da Toyota", afirma Tanigawa.
 
No setor de serviços, o secretário chama a atenção para os novos shopping centers. Há cinco novos empreendimentos desse porte em fase de construção. Além disso, uma rede de hotéis também está de olho na região.
 
Tanigawa tem se dado bem na comunicação com executivos da Toyota. As conversas são sempre em japonês. O mesmo não acontece, porém, quando o tema se volta para a legislação brasileira. "Esse assunto sempre foi um problema para a adaptação das empresas japonesas", destaca.