06/01/11 14h40

Novatas avançam e prometem alterar ranking nacional

Valor Econômico

A concorrência cada vez mais apertada no mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves está, paulatinamente, mudando o ranking das montadoras que atuam no país e revelando um novo jogo de forças na indústria. Embora as quatro maiores - Fiat, Volkswagen, GM e Ford, exatamente nessa ordem em 2010, conforme dados da Fenabrave - ainda respondam pela expressiva fatia de 74% das vendas no país, as chamadas "novatas", com destaque para as asiáticas Hyundai, Nissan e Kia, estão abocanhando parcela significativa das vendas e se destacam pela agressividade na conquista de participação de mercado. E a tendência é a de que esse movimento ganhe mais fôlego nos próximos anos, diante da manutenção de fundamentos positivos para a indústria automobilística brasileira, da chegada de concorrentes chineses e do lançamento de um carro pequeno da Toyota, com produção local.

Em uma década, as quatro primeiras colocadas no ranking nacional já perderam, juntas, fatia equivalente a mais de 10 pontos percentuais, em movimento que se acelerou entre 2008 e o ano passado. Nesse período recente, enquanto a Fiat perdeu quase 2 pontos percentuais de mercado - embora tenha se mantido líder -, em movimento acompanhado por Volks e GM, a Hyundai, que agora aparece no grupo das 10 maiores do país, elevou a participação de 1,64% para 3,18% e a também coreana Kia, de 0,76% para 1,64%. Já a Nissan ficou com 1,08% das vendas em 2010, ante 0,66% em 2008.

Um dos sintomas do acirramento da concorrência em 2010 apareceu no tradicional "rapel" de fim de ano, sistema que envolve o emplacamento de veículos antes da venda efetiva ao consumidor final, com o objetivo de preservar ou impulsionar a participação de mercado das montadoras e garantir o cumprimento de metas. Em dezembro, segundo dados da Fenabrave, que representa as revendas de carros, essas vendas artificiais inflaram em 45 mil unidades o balanço mensal do setor, acima dos volumes registrados historicamente.

Também por conta desse movimento, dezembro acabou por mostrar o melhor desempenho em um mês na história da indústria automobilística, com 361.197 mil carros e comerciais leves emplacados. O resultado ficou quase 100 mil unidades acima das previsões da entidade e uma das consequências da antecipação dos emplacamentos deve ser a forte redução nas vendas de carros zero quilômetro em janeiro. Na indústria, fala-se em um tombo de 30% na comparação com dezembro, disse Reze.

No ano, um novo recorde para o setor, com a marca de 3,515 milhões de veículos novos vendidos, uma alta de 11,91% sobre as vendas de 2009. Em realidade, os números anuais foram históricos para todos os segmentos analisados: carros de passeio, utilitários, caminhões e ônibus. Entre automóveis e comerciais leves, foram vendidos 3,329 milhões de veículos, uma expansão de 10,63% sobre 2009. A Fiat, mais uma vez, liderou o ranking das montadoras, com participação de 22,84%, seguida por Volkswagen (20,95%), GM (19,75%) e Ford (10,1%).