13/01/11 11h42

Novo CTC visa liderança nas pesquisas com cana

Valor Econômico

Sem um grande salto tecnológico nos últimos dez anos, o setor sucroalcooleiro do Brasil votou e aprovou ontem em assembleia a transformação do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) em uma Sociedade Anônima (S.A.). Com um dos maiores bancos genéticos de cana-de-açúcar do mundo, o CTC é a "menina dos olhos" do setor no Brasil que, apesar dos avanços que o colocam em destaque no cenário sucroalcooleiro mundial, já se vê, em alguns aspectos, com atraso no bilionário mercado de pesquisa mundial.

Com a nova estrutura societária do CTC, a expectativa é de que o orçamento anual de pesquisa, restrito às contribuições dos associados e na casa dos R$ 50 milhões (US$ 29,4 milhões), se multiplique em parcerias de peso, expressas, por exemplo, em joint ventures - algo que a estrutura de uma Oscip, como era a do antigo CTC, não permitia, explica o recém-eleito presidente do Conselho de Administração do novo CTC, Luis Roberto Pogetti. Ninguém estima com precisão que patamar de orçamento seria compatível com as demandas por pesquisa do CTC. "Mas, se consideramos quanto investem os outros players que atuam na mesma área, esse valor seria pelo menos dez vezes maior", diz Roberto Rezende Barbosa, antigo presidente do Conselho do CTC.

Outro caminho de capitalização da nova empresa seria o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo Pedro Mizutani, presidente da Cosan Açúcar e Álcool e eleito ontem vice-presidente do Conselho de Administração do novo CTC. Ele nega que já existam negociações para entrada de novos sócios neste momento, sobretudo com multinacionais de tecnologia. "Há sim, muitas empresas com interesse em fazer parcerias, horizonte que se abre agora que o CTC é uma S.A.", diz Mizutani. A busca de capital de fora do setor vai ajudar o centro a avançar neste competitivo mercado de pesquisa, diz. "Retiramos hoje da cana 11 toneladas de açúcar por hectare. Mas a Europa já está extraindo da beterraba 14 toneladas na mesma área", exemplifica.

Apesar da decisão de ontem, ainda há uma infinidade de aspectos a serem definidos no funcionamento do novo CTC. O presidente da Organização dos Plantadores de Cana-de-Açúcar do Centro-Sul (Orplana), Ismael Perina, expressa sua preocupação em torno de uma possível diluição de participação dos fornecedores de cana com a provável entrada de novos sócios no futuro. "Não sabemos que volumes de recursos essa nova estrutura vai nos demandar", diz Perina. Pogetti explica que o novo CTC entra agora em uma fase de transição que deve durar cerca de 6 meses e na qual serão definidas várias questões, entres elas a cobrança de royalties de variedades e de prestação de serviço tecnológico.

Das dez cadeiras do conselho de administração, seis são ocupadas por representantes do bloco de controle: Copersucar, Cosan, São Martinho, Bunge, Açúcar Guarani e grupo Coruripe. As outras quatro serão ocupadas por ETH Bioenergia, Louis Dreyfus, o executivo Ricardo Rezende, que representa as usinas do Paraná e a Orplana. A diretoria executiva foi renovada com os pesquisadores Nilson Boeta, Osmar Figueiredo Filho, e Tadeu Andrade.