23/12/09 10h03

Novo mínimo põe mais US$ 15,5 bi na economia

O Estado de S. Paulo

O aumento para R$ 510 (US$ 296,5) no valor do salário mínimo a partir de janeiro, se confirmado, representará um incremento de renda na economia de R$ 26,6 bilhões (US$ 15,5 bilhões) ao longo de 2010, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Paralelamente, significará um custo adicional de R$ 10,8 bilhões (US$ 6,3 bilhões) á Previdência. Com o aumento real de 5,87% previsto para o mês que vem, o salário mínimo acumulará ganho real (descontado a inflação) de 53,46% durante o governo Lula. Quando ele assumiu, em 2003, o mínimo estava em R$ 200 (US$ 116,3). Se a atual política de reajuste for mantida, daqui a dez anos o valor estimado será o equivalente hoje a R$ 850 (US$ 494,2), calcula Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese.

Segundo cálculos do Dieese, com o novo salário será possível adquirir o equivalente a 2,17 cestas básicas, a maior relação na série das médias anuais desse comparativo em 30 anos. O salário mínimo em vigor compra o equivalente a 2 cestas básicas. Em 1995, primeiro ano pós Plano Real, a relação era de 1,02 cesta. "O reajuste do mínimo e a política de redução do preço da cesta básica aumentam o poder de compra", constata Lúcio.

Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, considera "fortíssimo" o aumento real de 53,46% desde 2002, período em que a inflação acumulada medida pelo INPC ficou em 66,16%. "A maioria dos salários não indexados ao mínimo certamente não subiu na mesma proporção", afirma. O Dieese calcula que 46,1 milhões de pessoas tenham rendimento vinculado ao salário mínimo. Levando-se em conta a série histórica do salário mínimo e atualizando os valores médios anuais em reais, o valor de R$ 510 (US$ 296,5) é o maior desde 1986, quando o mínimo equivalia a R$ 520 (US$ 302,3).