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O Brasil e a China descolam do mundo

Valor Econômico - 09/02/2009

O mercado brasileiro ficou longe de dar algum tipo de alegria aos investidores no ano passado, com o Índice Bovespa caindo 41,22%. Esse desempenho, no entanto, não foi "privilégio" apenas do Brasil. A crise levou todos os mercados à reboque. Este ano, até agora, o cenário é diferente. Enquanto quase todas as bolsas do mundo continuam amargando quedas, o Ibovespa se descola e sobe. No ano, em dólar, o índice acumula uma valorização de 17,44%. Em reais, a alta é de 13,86%. O indicador fechou a sexta-feira aos 42.755 pontos, o maior nível desde 3 de outubro, quando estava em 44.517 pontos. Segundo levantamento do Valor Data com os 48 índices de ações mais importantes, o do Brasil perde apenas para o indicador Xangai, da bolsa chinesa, com valorização de 19,61%. O fato de o Brasil e da China estarem juntos no campo positivo não é mera coincidência. A recuperação dos dois mercados tem a ver com os números um pouco melhores sobre a economia da China e a recuperação das commodities. Como essas matérias-primas têm a maior participação dentro do Ibovespa, acabam definindo o movimento do mercado local. Juntas, as ações da Petrobras e da Vale, por exemplo, representam mais de 30% do Ibovespa. Sem contar os papéis das siderúrgicas, que engrossam esse percentual. No ano, alguns desses papéis registram desempenhos invejáveis. As ordinárias (ON, com voto) da Vale acumulam uma alta de 39,94% e as preferenciais (PN, voto) série A, 35,96%. As ON da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) sobem 38,62% enquanto as ON da Petrobras, 20,77%. Ainda é muito cedo para dizer que o pior nos mercados já passou. Mas os ativos, aos poucos, vão dando tênues sinais de melhora, claro sem esquecer de que a volatilidade ainda está aí para todo mundo ver, lembra Walter Mendes, diretor de renda variável do banco Itaú. Ele acha no entanto que o grande momento de estresse do mercado pode realmente ter sido entre setembro e outubro do ano passado. Mendes acredita que o Ibovespa pode chegar aos 51 mil pontos no fim deste ano, ou seja, ainda uma alta de quase 20% ante o fechamento de sexta-feira.