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Obra própria puxa crescimento de fabricantes em 9%

Valor Econômico - 25/05/2007

Mesmo em tempos de expansão frenética das construtoras, ainda são as obras informais que estão fazendo com que a indústria de materiais de construção comemore nesse mês de abril o período mais longo de crescimento contínuo dos últimos cinco anos. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2007, esse setor teve uma expansão no faturamento de quase 9%. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção, a Abramat, a revolução pela qual vem passando as empresas de incorporação imobiliária não é grande o bastante para atingir as fabricantes de materiais. Os dez meses de expansão ininterrupta do setor levam a entidade a acreditar que 2007 fechará com um crescimento de 8% sobre 2006 e que 2008 avançará outros 12% em relação a este ano. Reflexo de um país que tem 50% de sua economia na informalidade, a constatação de que é o chamado mercado formiguinha que ainda movimenta a indústria também deixa claro que há um espaço enorme a ser ocupado pela construção formal. De acordo com um estudo organizado pela consultoria Booz Allen para a Abramat em 2003, mais de 80% das casas novas no Brasil são construídas de forma independente por pessoas físicas. Em alguns segmentos econômicos, como nas classes C, D e E, esse índice chega a incríveis 95%. De acordo com a própria entidade, os números pouco mudaram. Na Quartzolit, que produz argamassas e rejuntes, 95% das vendas vêm do varejo. As Tintas Coral vendem apenas 12% do que produzem para as construtoras. E na Amanco, que fabrica tubos e conexões, cerca de 70% do segmento predial - que representa também 70% de seu faturamento - vai para o varejo. O exemplo dessas três empresas se repete em maior ou menor grau na indústria como um todo. Com o aumento da participação das construtoras no segmento de média e baixa renda a tendência é de que essa relação comece a mudar, mas ninguém aposta que isso aconteça no curto prazo. Para as indústrias, essa não é uma questão primordial. O que importa é que o setor está crescendo, e basicamente por conta da expansão do segmento imobiliário. Segundo a Abramat, os números registrados até agora têm pouca ou nenhuma relação com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Esse crescimento está atrelado a três fatores. O primeiro, a queda da taxa de juros. O segundo, um crescimento de renda das classes C, D e E. E o terceiro, e principal, uma expansão inédita do crédito imobiliário. Por conta de todo esse aquecimento, a Eternit está ampliando a linha de produção de telhas de fibrocimento e investindo R$ 15 milhões (US$ 7,37 milhões) para atender a demanda. Hoje a companhia trabalha com a capacidade quase esgotada. "Vamos ampliar em 10% a produção para conseguirmos acompanhar a demanda", diz Élio Martins, presidente da Eternit. Como nas outras empresas do setor, apenas 10% da produção da companhia vai para as construtoras formais. O resto é vendido no varejo.