31/10/08 15h23

ONS reduz a quase zero risco de faltar energia

Valor Econômico - 31/10/2008

Projeções recém-compiladas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) demonstram um risco de déficit de energia - mesmo que seja de um único megawatt - inferior a 5%, nos próximos cinco anos, para todas as regiões do país. Esse índice está de acordo com as normas de segurança para matrizes baseadas em fonte hídrica, como a brasileira, mais sujeitas ao regime de chuvas. No caso de déficits maiores do que 1% de toda a carga - equivalente a uma demanda em torno de 1.000 MW maior do que a oferta -, o risco cai para níveis inferiores a 3%, segundo o ONS. As informações foram dadas ao Valor pelo diretor-geral do órgão, Hermes Chipp, que considera "praticamente nulas" as chances de problemas no abastecimento de energia. Os cálculos feitos pelo ONS já levam em conta os últimos leilões promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), incluindo a contratação de energia de reserva gerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar e a revisão das estimativas para a carga nacional. Chipp espera chegar ao dia 30 de novembro, quando as chuvas tendem a se intensificar, tendo cumprido o nível-meta dos reservatórios. O objetivo é chegar aos 53% de armazenamento nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste e aos 35% no Nordeste. Se alcançar esse volume de água estocada, o ONS garante que não haverá nenhuma chance de racionamento em 2009, mesmo na ocorrência da pior seca da história no Nordeste e na segunda pior do Sudeste/Centro-Oeste. Ainda que atingir esses níveis requeira esforço do operador ao longo de novembro, trata-se de uma mudança significativa em relação ao quadro preocupante do início de 2008, quando o atraso nas chuvas levantou novamente os fantasmas de um apagão. Chipp afirma que os níveis-meta serão alcançados se chover 100% da média histórica no Sudeste. Exceto pela região Norte, o estoque de água armazenada nos demais reservatórios é um pouco mais confortável do que na mesma época do ano passado. A diferença agora é, além da perspectiva de chuvas sem atraso, o elevado volume das represas no Sul. Em outubro, choveu 160% da média histórica no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. E os reservatórios da região estão com quase 90% de sua capacidade máxima. Com isso, o ONS decidiu montar uma estratégia de transferir mais de 3 mil MW médios do Sul para o Sudeste, a fim de poupar água dessa região.