19/01/10 11h03

Orbital produz no país painel solar para satélites

Valor Econômico

A companhia brasileira Orbital Engenharia, de São José dos Campos (SP), está produzindo os painéis solares do terceiro satélite de observação da Terra, o CBERS-3, que o Brasil desenvolve em parceria com a China. O lançamento do satélite está previsto para o primeiro semestre do ano que vem e a Orbital estima que o primeiro dos três painéis do CBERS-3 ficará pronto em junho deste ano.

O painel solar de um satélite, segundo Célio Vaz, diretor da Orbital, é um sistema complexo e exige um alto nível de precisão. O dispositivo capta a energia do Sol e converte parte dela em eletricidade, que alimenta os equipamentos de bordo e recarrega as baterias enquanto o satélite está na sombra da Terra. A Orbital desenvolve toda a parte elétrica do painel solar, que consiste na colagem e montagem das células solares. A estrutura do gerador solar é feita pelas companhias Cenic e Fibraforte, também sediadas em São José dos Campos. "Poucas empresas no mundo tem essa capacitação tecnológica e a experiência da Orbital credenciou a companhia a participar, como convidada, de várias licitações internacionais", ressalta Vaz.

A Orbital é hoje, segundo o executivo, a única companhia brasileira que possui o domínio completo sobre as fases de desenvolvimento, fabricação, montagem, integração e testes de um painel solar espacial. A companhia participou do projeto CBERS 2b, lançado em outubro de 2007. O satélite está equipado com painéis solares da Orbital, em funcionamento há mais de dois anos. Além do CBERS-3, a companhia também está envolvida na fabricação dos painéis da Plataforma Multimissão (PMM), uma estrutura comum que será usada em vários satélites do Programa Espacial Brasileiro.

Criada no ano 2000, pelo engenheiro Célio Vaz, a Orbital surgiu a partir da experiência adquirida pelo empresário em quase duas décadas de trabalho como engenheiro da área de suprimento de energia e engenharia de sistemas de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No projeto da PMM, explica Vaz, a Orbital participa como subcontratada da Mectron Engenharia. No início de suas atividades, quando ainda não tinha os contratos dos satélites do Inpe, a Orbital dependia de uma bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), concedida por meio do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe).

Atualmente com um faturamento médio de R$ 2 milhões (US$ 1,16 milhão) por ano, a Orbital dedica 100% das suas atividades ao setor espacial. Além dos satélites do Inpe, a empresa presta serviços de engenharia de sistemas e documentação técnica para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

Além do setor espacial, a Orbital também tem investido em outros segmentos de mercado. "Desenvolvemos um simulador solar de baixo custo, em parceria com o Inpe, e vendemos a primeira unidade para o Laboratório de Química da Unicamp, além de já contarmos com outras encomendas", diz o executivo. Ainda com o Inpe, a Orbital fez um radiômetro global, aparelho que mede a intensidade do Sol na superfície da Terra.