18/01/10 10h31

Otis vai adotar no Brasil modelo chinês

Valor Econômico

A Otis Elevadores quer desenvolver modelos mais baratos no Brasil para atender aos empreendimentos imobiliários voltados para a população de baixa renda. Essa é uma das missões que o presidente mundial da companhia, o francês Didier Michald-Daniel, vai transmitir aos executivos e funcionários das operações locais da companhia em visita ao Brasil que começa hoje.

A Otis Elevadores está presente em mais de 200 países, com 64 mil funcionários e 2,2 milhões de elevadores e escadas rolantes em operação. A sede da companhia, no estado americano de Connecticut, é uma janela para o mundo que permite medir a temperatura da economia global. Estados Unidos e Europa seguem em crise, e o Brasil é o terceiro mercado para novos equipamentos que mais cresce no mundo, atrás da China e da Índia. "O Brasil tem um papel central em nossa estratégia", afirma Daniel, que projeta crescimento de 25% nas operações brasileiras neste ano.

O crescimento das vendas nos países emergentes ocorre, em grande parte, graças à flexibilidade para adaptar produtos às realidades locais. Uma das preocupações é fazer elevadores e escadas rolantes mais baratos para atender às populações de menor renda. No Brasil, por exemplo, a parte do mercado de construção civil que mais cresce é a de baixa renda, em virtude do crédito em expansão e do programa "Minha Casa, Minha Vida".

A Otis é tanto uma empresa de serviços quanto uma fabricante de equipamentos. Em 2008, 54% do total das receitas, que somaram US$ 12,9 bilhões, vieram da manutenção de elevadores e escadas rolantes já instalados, e o resto, da venda de novos equipamentos. A Otis dá manutenção em 1,6 milhão de elevadores e escadas rolantes no mundo todo. "Em economias maduras, como países da Europa, 70% da receita vêm de serviços", afirma Daniel. "Na China, 80% são novos equipamentos." O Brasil está no meio do caminho. Metade das receitas se origina da venda de novos equipamentos, e metade da manutenção de 50 mil elevadores e escadas rolantes instalados no país.

A Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil devem impulsionar os negócios no país. Os planos são ampliar uma carteira que já tem algumas instalações de grande projeção, como o Cristo Redentor no Rio, o Elevador Lacerda em Salvador e o World Trade Center em São Paulo. Por enquanto, não está nos planos da Otis fazer novos investimentos no Brasil. A empresa tem fábrica em São Bernardo do Campo, 32 escritórios e 1.833 funcionários. Grande parte dos componentes é fabricada no Brasil e, até agora, a valorização do real não prejudicou as operações brasileiras.