29/11/10 10h51

Ourofino vai lançar mais produtos de saúde animal e mirar outros negócios

Folha de S. Paulo

A Ourofino Agronegócio tem cinco patentes "na gaveta à espera de autorização", segundo um dos sócios fundadores, Norival Bonamichi. Além dos novos produtos, a empresa de saúde animal e defensivos agrícolas, que resiste à força das multinacionais, vai construir uma fábrica de vacinas e ensaia a entrada em projetos na área de biocombustível. Negócios que fazem com que sócios já projetem faturamento de R$ 1 bilhão (US$ 588 milhões) daqui a cinco anos. "As patentes já foram depositadas e concluímos os últimos testes", afirma.

A primeira delas, que deve garantir exportações para o grupo, vai atacar um problema frequente. A gentamicina, um antibiótico usado para mastite, inflamação muito comum das mamas, deixa resíduos no leite. "Tem de jogar fora, ainda quatro ou seis dias depois de concluído o tratamento com o antibiótico. Com o novo produto, o leite não será mais desperdiçado. Assim que a vaca parar o remédio, o produto já pode ser usado", diz. "Vamos licenciar esse medicamento no mundo todo, que deriva de uma planta. "Em solos mais fracos, segundo Bonamichi, "dá mais o princípio ativo dessa planta."

Outra patente é de um vermífugo para ovinos e bovinos, uma molécula nova. No solo do cerrado, pesquisadores parceiros da empresa fizeram outras descobertas, também estão à espera de aprovação.

"São quatro antibactericidas, totalmente novos." O grupo tem crescido cerca de 25% ao ano, há uma década. Em 2010, o incremento esperado é de mais de 30%.

Muito assediada - "não se pode conseguir alguma coisa que já querem pegar da gente", brinca Bonamichi - a Ourofino não cogita venda ou abertura de capital, segundo o também sócio Jardel Massari. Em 2007, a BNDESPar investiu R$ 100 milhões (US$ 51,8 milhões) para ter 20% de participação societária da empresa. Fizeram ótimo negócio, vale muito mais hoje, observa Bonamichi. Na nova fábrica de defensivos agropecuários, em Uberaba, onde os recursos foram aplicados, já apareceram interessados. "Nem bem inauguramos a fábrica e recebemos propostas para vender por valor três vezes maior do que pusemos." No centro de vacinas para animais, o investimento será de R$ 50 milhões (US$ 29,4 milhões).

A nova unidade, que inicia operações em 2013, ocupará 7 mil m2 do terreno da empresa, em Cravinhos, cidade vizinha a Ribeirão Preto, (SP). "Nossa grande aposta, é a biotecnologia. Temos profissionais com doutorado e parcerias com 18 universidades e institutos de pesquisa", conta Bonamichi, que começou a vida colhendo café. "Vamos partir para nutrição animal, um mercado que é duas vezes maior que o de saúde animal, e, depois, fertilizantes, que movimentam R$ 25 bilhões (US$ 14,7 bilhões)", completa, Bonamichi sem descartar os suplementos humanos.