01/09/16 14h47

Owens-Illinois projeta alta de 3% nas vendas este ano

Valor Econômico

Maior fabricante mundial de embalagens de vidro, a Owens-Illinois prevê crescimento de 3% do faturamento no Brasil, frente a R$ 1,8 bilhão em 2015, a despeito da crise econômica que enfrenta o país. Foco em inovação, iniciativas de controle de custos e exposição a segmentos que foram menos afetados pelo turbulento cenário macroeconômico, como bebidas e alimentos, contribuem para a expectativa otimista, disse ao Valor o presidente da companhia no Brasil, Rildo Lima.

"Houve mercados que cresceram menos, mas ainda assim não pararam de crescer. E há segmentos que têm registrado taxas impressionantes, como o de cervejas premium e o de suco de uva em garrafa", contou Lima. O último mercado, por exemplo, ficou seis vezes maior nos últimos cinco anos, mas pode mostrar desaceleração neste ano por causa da quebra da safra da uva na região Sul. Já as cervejas premium (e artesanais), que há cinco anos representavam apenas 1% do consumo doméstico, hoje respondem por cerca de 10%.

Ao mesmo tempo, a experiência do executivo como vice-presidente global de inovação da companhia e a magnitude do mercado interno vão fazendo do Brasil uma plataforma mundial de lançamentos. Para garantir a liderança na apresentação de novos produtos - as tecnologias da multinacional ficam disponíveis para todos os países ao mesmo tempo -, a operação brasileira investiu R$ 200 milhões no ano passado em projetos de inovação e modernização do parque fabril, e deve repetir o desembolso neste ano. Por aqui, são três fábricas, em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE), além de uma unidade de mineração em Descalvado (SP). E duas delas, a paulista e a pernambucana, estão no grupo das cinco principais da companhia no mundo.

O exemplo mais recente da liderança da operação brasileira foi o lançamento do primeiro vidro vermelho produzido em escala industrial, que deu corpo à garrafa da nova versão da Skol Beats, da Ambev, batizada Secret. Produzido na fábrica de Recife (PE), o vidro vermelho confere maior proteção à bebida e foi desenvolvido pela multinacional em seu centro de P&D em Ohio, nos Estados Unidos. Antes, a multinacional já havia lançado os vidros verde e azul que também aparecem na linha Skol Beats.

Hoje, toda a capacidade instalada no país está tomada, mas com reforma nos fornos é possível expandir a produção
Com essa estratégia, a intenção é dar condições para que o Brasil, hoje no grupo das dez maiores subsidiárias do grupo, avance alguns degraus nesse ranking. Na avaliação do executivo, há potencial para que, nos próximos anos, a operação brasileira chegue mais perto das maiores da companhia, que no ano passado teve vendas líquidas consolidadas de US$ 6,2 bilhões. Hoje, toda a capacidade instalada no país está tomada, mas por meio de reforma nos fornos é possível expandir a produção. "Temos condições de absorver o crescimento da demanda", afirmou.

Na avaliação do executivo, que assumiu no ano passado o comando da operação local, o pior da crise já passou e há sinais de estabilização no mercado. Percepção semelhante tem a Associação Brasileira de Embalagem (Abre), com base no desempenho do segundo trimestre. No intervalo, a produção física de embalagens no país recuou 2,7% frente ao mesmo período de 2015, no 11º trimestre consecutivo de retração nessa base de comparação. Mas frente aos três primeiros meses do ano, houve reação e a produção física subiu 2,54%, interrompendo uma sequência de seis quedas nessa base.

"Uma das maiores oportunidades está no mercado de sucos e refrigerantes e gostaria também de avançar ainda mais em água natural", disse Lima. A operação brasileira está dividida em seis áreas de negócio, lideradas pela unidade dedicada às cervejarias (com 30% do faturamento). Em seguida, aparecem as divisões de garrafas premium e de bebidas não alcoólicas, que respondem, cada uma, por 25% dos negócios. A menor contribuição vem do segmento de utilidades domésticas com a marca Cisper, que existe apenas no país e na Colômbia.

Dona de mais de 50% do mercado doméstico de embalagens, a Owens-Illinois concorre globalmente com a Verallia, que também tem operação no país. Além das multinacionais, a Ambev produz garrafas de vidro no Brasil. No ano passado, a indústria sentiu o impacto da elevação dos custos, pressionados pelos preços da energia e do gás. A valorização do dólar, por sua vez, aumentou os gastos com importação de barrilha. Essa pressão, segundo Lima, permanece em 2016.