29/05/08 11h37

País é prioridade para investimento da UE em meio ambiente

Valor Econômico - 29/05/2008

Autorizado, desde o ano passado, a financiar projetos sem participação de empresas européias, desde que tenham impacto positivo para o meio ambiente, o Banco Europeu de Investimentos (EIB, da sigla em inglês) enviou ao Brasil dois de seus principais executivos para discutir a fatia que caberá ao país, nos planos de emprestar 2,8 bilhões de euros à América Latina, entre 2007 e 2014. O Brasil é absoluta prioridade do banco na América do Sul, e "claramente um dos mais promissores mercados emergentes", afirma o diretor-geral para operações externas do BIE, Jean-Louis Biancarelli. "Nesta visita não estamos interessados somente em nossos projetos tradicionais, há enormes possibilidades para financiamento de projetos em eficiência energética, redução de emissão de gases, energias renováveis, mitigação da mudança climática", listou Biancarelli, em entrevista ao Valor. Para os projetos sob o "guarda-chuva" ambiental, o BIE planeja destinar mais 3 bilhões de euros, além dos 2,8 bilhões de euros já destacados para a região latino-americana, e o Brasil é prioridade. "Estamos otimistas em aprovar ainda em 2008 um projeto sob esse novo guarda-chuva, um financiamento para hidreletricidade", disse o diretor do EIB para Ásia e América Latina, Francisco de Paula Coelho, que evita dar mais detalhes. Biancarelli admite, porém, que o BIE poderá ajudar a financiar os novos projetos de hidrelétricas na Amazônia brasileira. "No campo dos transportes e infra-estrutura, quase todo projeto mostrado a nós dentro do PAC é elegível pelos critérios do BIE", disse. Com disponibilidade de recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, do Banco Mundial, do BNDES e de outras fontes internacionais de financiamento, a preocupação do governo tem sido selecionar os projetos que melhor aproveitem as vantagens competitivas de cada instituição multilateral, e evitem um excesso de linhas de financiamento que possa causar pressões inflacionárias, relata Biancarelli. Financiador de projetos bem-sucedidos, como a Veracel Celulose, na Bahia, e a ampliação da rede de transmissão da Coelce, a companhia elétrica do Ceará, o BIE dá empréstimos de, em média, 70 milhões de euros, mas o valor pode ser substancialmente maior, como os 250 milhões de euros emprestados à Vivo para migração, para o sistema GSM, de sua rede de celulares, e o projeto, em fase de conclusão, também para rede celular de segunda e terceira gerações, da TIM (entre 200 milhões e 300 milhões de euros). O BIE já emprestou 1,4 bilhão de euros ao Brasil nos últimos dez anos, quase 50% do total emprestado à América Latina.