17/02/09 10h57

País toma espaço deixado por usinas dos EUA

DCI - 17/02/2009

O setor sucroalcooleiro volta a chamar atenção dos acionistas no Brasil à medida que o etanol perde força nos Estados Unidos. Bob Dinneen, presidente da Associação de Combustíveis Renováveis, dos Estados Unidos, estimou que, das 180 usinas e 150 empresas de etanol do país, 10 ou mais fecharam 24 usinas em três meses, informou ao jornal norte-americano The New York Times. Com a saída dessas indústrias cerca de 2 bilhões de galões dos 12,5 bilhões de galões da capacidade anual de produção deixaram de ser produzidos. Dinneen estimou que mais cerca de dez empresas estão em perigo. Segundo a reportagem, VeraSun Energy, uma dos maiores produtoras de etanol do país, suspendeu a produção em 12 das 16 plantas e planeja vender algumas instalações. Nos últimos dias, a Renew Energy, a Cascade Grain Products e a Northeast Biofuels pediram proteção contra falência. A Pacific Ethanol também deve suspender as operações na usina de Madera, Califórnia. Na avaliação de Dinneen, empresas menores, como a Range Fuels, Poet e BlueFire Ethanol, construíram plantas piloto e esperam iniciar a produção em escala comercial. Em contrapartida a esse cenário, os investimentos do setor no Brasil já estão em ritmo de retomada, impulsionados pela demanda mundial de açúcar. Só em Minas Gerais cinco novas usinas entrarão em operação a partir do segundo semestre e, juntas, deverão fazer o processamento de cerca de 50 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Grande parte dos recursos, estimados em mais de R$ 1,2 bilhão (US$ 522 milhões), deverá ser tomada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).. O setor também estaria negociando junto aos Ministérios da Fazenda e da Agricultura a liberação de cerca de R$ 4 bilhões (US$ 1,9 bilhão) para financiar os custos da estocagem de etanol (warrantagem) ao longo da próxima safra 2009/2010, que deve começar a ser colhida em abril. Segundo o chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, a expectativa para 2009 é de que as usinas destinem suas produções para o açúcar. "Essa deve ser a estratégia para recuperar os prejuízos e atravessar o momento que estamos vivendo", disse Cavalcanti. Para ele, a redução da produção de açúcar na Índia e o conseqüente aumento do preço do produto força essa troca da cana para o açúcar. "Como reflexo pode haver um crescimento na produção de etanol já para 2009". Apesar do encarecimento do credito, Cavalcanti mantém a expectativa de melhora na remuneração do setor este ano. Para ele, o movimento de fusões, que já vinha ocorrendo, deve ganhar mais força com o aumento da dificuldade financeira, "as usinas procuram parceiros para ganhar fôlego".