23/10/08 16h00

Para IBGE, crise ainda não afetou o mercado de trabalho

Valor Econômico - 23/10/2008

A crise econômica ainda não teve efeitos sobre o mercado de trabalho brasileiro, pelos dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro, a taxa de desocupação ficou estável em 7,6% e houve aumento do rendimento médio. Para Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), em crises econômicas anteriores, o primeiro sinal da turbulência era percebido no rendimento e no crescimento da informalidade. Em setembro, o rendimento atingiu R$ 1.267,30 (US$ 576), alta de 0,9% frente a agosto e o maior valor desde os R$ 1.287,37 (US$ 585,2) de agosto de 2002. Em setembro, a população ocupada subiu 0,7%, em 159 mil novos postos de trabalho. Na média entre janeiro e setembro, o rendimento médio atingiu R$ 1.239,12 (US$ 563,2), uma alta de 3,2% frente aos R$ 1.200,72 (US$ 545,8) em igual período do ano passado. " Fatores que levam a gente a interpretar que a crise não chegou ao mercado de trabalho foi a entrada de 159 mil pessoas no mercado, em postos de qualidade, e o aumento do poder de compra da população. Isso mostra que, se já há efeito da crise, ele está muito tímido " , frisou Azeredo, lembrando que, entre janeiro e setembro, foram criados no país 729 mil novos empregos. O especialista minimizou o crescimento da população desocupada, que subiu em 27 mil pessoas entre agosto e setembro. Segundo Azeredo, esse resultado - considerado como estabilidade pelo IBGE - reflete um aumento da procura por ocupação, em um momento de forte absorção pelo mercado. O técnico frisa que o comércio contratou 132 mil pessoas entre agosto e setembro, um crescimento de 3,3% no período. " O aumento de postos no comércio mostra que o mercado está aquecido " , afirmou. Azeredo ressaltou a qualidade do emprego. Em setembro, o emprego com carteira no setor privado atingiu 41,8% do total dos ocupados, enquanto a formalização do emprego - que inclui ainda o empregado doméstico com carteira e os funcionários públicos - chegou a 54,3% da população ocupada. O especialista notou ainda que para a taxa média de desocupação não bater o recorde de baixa no ano será necessário uma "situação muito atípica" . Entre janeiro e setembro, o desemprego médio foi de 8,1%, contra 9,7% em igual período do ano passado. Em 2007, o desemprego médio fechou o ano em 9,3%.