21/07/10 10h20

Para indústria paulista, prioridade deve ser acordo com México

Valor Econômico – 21/07/10

O Brasil fará um esforço para garantir ainda no segundo semestre as bases de acordos de livre comércio com México e União Europeia e terá, para isso, forte apoio do setor privado brasileiro, garante o diretor de Negociações Internacionais da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Mário Marconini. O governo brasileiro terá, em agosto, reunião com representantes do governo mexicano para analisar as condições de negociar nos próximos meses o acordo de livre comércio com aquele país.

"O México é nossa maior prioridade", diz Marconini, apontando o forte crescimento das vendas ao mercado mexicano, único com o qual, por acordo, o Brasil ainda pode firmar um tratado de livre comércio sem os sócios do Mercosul. Brasil e México tem um acordo de comércio no setor automotivo e um acordo-quadro que permite a exportação de bens com tarifas reduzidas; em agosto, durante a visita do presidente Felipe Calderón ao Brasil, o governo mexicano passou a mostrar novo interesse em retomar as negociações, paradas por temores dos empresários do México.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vem tentando convencer a confederação industrial mexicana a engajar-se nas negociações. A maior resistência vem de setores que temem a competitividade brasileira, em áreas como os alimentos. Marconini afirma que os empresários brasileiros estão dispostos a aceitar maior abertura do mercado para as vendas mexicanas. Em agosto, em nova reunião, negociadores dos dois países tentarão fixar prazos e parâmetros para a negociação. Nos primeiros quatro meses do ano, as vendas do Brasil ao México aumentaram 40% em relação ao mesmo período de 2008; 80% só em maio.

Marconini diz que a paralisação - para não falar em fracasso - da chamada rodada Doha de liberalização comercial na Organização Mundial do Comércio (OMC) abre espaço, na opinião de governo e empresários, para atrair os europeus a uma negociação. Há otimismo no Itamaraty, onde se fala até na possibilidade de conclusão das principais negociações ainda neste ano, para celebração do acordo no começo de 2011.

Na última reunião do Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex) da Fiesp, no início do mês, a União Europeia foi incluída como prioridade para um acordo. "É um equilíbrio delicado, a grande incógnita é o que os europeus farão com resistências como a francesa", reconhece o diretor da Fiesp. A atratividade do mercado brasileiro pode servir de forte argumento, pensam os negociadores.