21/12/11 14h59

Para investidor estrangeiro, país tem preferência

Valor Econômico

Os investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil deverão crescer até 12% no próximo ano. Segundo o Banco Central (BC), o país deve receber, em 2011, US$ 60 bilhões em IED - 23,86% a mais do que no ano anterior. De acordo com especialistas, tanto otimismo é explicado por uma conjuntura favorável para a economia nacional que promete se estender pelos próximos anos. Entre os eventos que apoiam esse panorama estão a Copa de 2014, a Olimpíada de 2016, o pré-sal, as obras de infraestrutura e o controle inflacionário.

"Os investimentos externos deverão crescer entre 10% e 12% em 2012", prevê Felippe Breda, responsável pela área de comércio exterior e direito aduaneiro do escritório de advocacia Emerenciano Baggio & Associados. Para ele, o incremento do crédito externo para o Brasil em 2012 será garantido pelos atrativos oferecidos pelo mercado interno.

O economista ressalta que "grandes consórcios estão sendo formados para realizar obras de infraestrutura nos diversos setores". Tudo isso requer grandes investimentos estrangeiros. Outra questão apontada por Breda é o maior controle da inflação. "Isso permite que os investimentos aqui sejam mais rentáveis que os realizados em outros países."

Em plena turbulência, o Brasil teve sua posição elevada junto às agências de classificação de risco. A Fitch, Moody's e Standard & Poor's reclassificaram para cima a nota do país. "O crescimento de IED acentuado neste ano se deu pela elevada liquidez no mercado internacional e o Brasil foi considerado muito atraente. Em 2012, esse cenário deverá se manter, devendo empatar com os recursos registrados neste ano", afirma Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria Econômica. "O volume de investimentos externos poderia ser maior não fossem entraves como a elevada carga tributária, a burocracia e a precariedade da logística. Esses fatores aumentam os custos para o investidor."

Letícia Mary Fernandes do Amaral, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) e advogada tributarista do escritório Amaral & Advogados Associados, concorda com Lavieri. "A legislação brasileira é complexa e o investidor estrangeiro não entende por que tudo aqui é tão complicado, por que a carga tributária é tão alta."

Apesar das dificuldades, Breda ressalta que os investimentos continuarão fortes. "Mesmo em tempos de crise, os maiores lucros de multinacionais são gerados em países como Brasil", diz. Segundo Letícia, nos últimos dois meses o país tem recebido investimentos altos, principalmente no setor primário. Os aportes têm endereço certo. Entre janeiro e outubro, o setor de serviços ficou com 38,9% dos investimentos externos, seguido da indústria, com 36%. A área agrícola respondeu por 14,5%, a extração de petróleo por 8,8%, e a mineração por 3,4%.

"A extração de petróleo deve ganhar força em função do pré-sal, mas as demais áreas deverão manter os patamares deste ano", prevê Lavieri. As aquisições de participações societárias, por sua vez, totalizaram US$ 45,883 bilhões nos primeiros dez meses de 2011.

Pesquisa da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) mostra que o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking das economias mais citadas como destinos dos IED, perdendo apenas para a China e a Índia.