22/01/13 09h10

Para melhor servi-lo

Folha de S. Paulo

Após onda de fechamentos, hotéis no centro de São Paulo se modernizam para atrair e fidelizar clientes mantendo as diárias baixas

Quando o movimento caiu e os hóspedes começaram a reclamar dos ventiladores e do carpete dos quartos, a família Reinales teve certeza de que precisava fazer algo para livrar os dois hotéis do grupo, no centro de São Paulo, da falência -o tradicional Brazilian Palace já tinha fechado as portas.

Aos poucos, trocou o carpete por piso de madeira, substituiu os boxes dos banheiros e pôs ar-condicionado nos quartos. A mudança deu certo e dobrou a ocupação dos hotéis Reinales e Lux -a última novidade é a rede wi-fi.

Assim como eles, estabelecimentos do centro passam por adequações para atrair hóspedes e fugir da sombra do fechamento de hotéis do fim dos anos 1990 até 2009, como os famosos Othon e Ca'd'Oro.

Na rede Buenas, os seis hotéis passaram por mudanças -de retrofit completo a atualizações menores, como TVs LCD.

"Se você fica mais do que três ou quatro anos sem mexer, o cliente migra para hotéis mais atualizados", comenta Fábio Redondo, gerente comercial da rede.

Bruno Hideo Omori, presidente da ABIH-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo), concorda. "Mesmo a hotelaria independente tem que se adaptar a essa realidade. Senão acontece o que aconteceu com quem fechou porque parou no tempo, como o Hilton."

Na época de fechamentos no centro, causada pelo boom de hotéis econômicos e flats na Paulista, São Paulo chegou a ganhar 15 mil vagas em hotéis, mas perdeu outras 6.000.

DEMANDA
Hoje, o que garante a ocupação no centro histórico é o turismo de compras e de convenções e, principalmente, as diárias mais baixas. Enquanto na Paulista a diária mínima gira na faixa de R$ 200, no centro sai a partir de R$ 90.

A taxa de ocupação reflete a mudança: é cerca de 70% no centro e 68% na cidade.

Para Omori, a perspectiva da Copa do Mundo em 2014 também tem motivado a renovação da hotelaria. "Hoje, 30% da oferta, não só do centro, mas da cidade, está fazendo algum tipo de reforma."

Nos hotéis Excelsior e Marabá, porém, que também foram reformados, a motivação não é a Copa, mas a fidelização do cliente que vem a negócios.
"Uma única feira grande pode trazer cerca de 50 mil visitantes para a cidade. É mais do que trará um jogo da Copa", diz Eduardo Lourenço Borges, dono dos dois hotéis.

Segundo Luciana Leite, diretora da SPTuris (empresa municipal de turismo), São Paulo recebe 12,5 milhões de turistas ao ano. "Com a perspectiva de grandes eventos, vamos ter muito mais. É um momento para investir mesmo."

Estão previstas a inauguração de um Ibis Budget (de perfil econômico) na rua Frei Caneca, em 2015, e a reinauguração, em 2014, do Ca'd'Oro.