24/03/10 11h01

Para Unica, empresas estrangeiras fortalecem setor de açúcar e etanol

Valor Econômico

As fusões e aquisições de usinas de açúcar e álcool em dificuldades financeiras por grandes players, sobretudo os estrangeiros, fortaleceram o segmento no Brasil para fazer frente aos investimentos necessários para atender à demanda crescente por biocombustíveis. De acordo com dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), 22% da moagem de cana do Centro-Sul em 2010/11 será realizada por companhias de capital estrangeiro, percentual que foi de 7% na temporada 2007/08. "A gente percebe que isso está gerando um setor mais sólido, com mais estrutura de capital e com maior capacidade de fazer frente às demandas", afirmou ontem o presidente da Unica, Marcos Jank, durante o seminário da F.O. Licht, em São Paulo.

Jank referiu-se em particular à entrada da Shell no segmento de açúcar e etanol, a partir da joint venture formada com a Cosan. "A Shell seguiu a BP [British Petroleum] e a Petrobras, que já tinham participação no setor. Mas entrou com muito mais força". A consolidação da área, que já vinha ocorrendo há alguns anos mas que nos últimos três a quatro anos ficou mais intensa, elevou consideravelmente a concentração. Enquanto em 2004/05 cinco empresas respondiam por 12% do volume produzido, em 2009/10 esse percentual aumentou para 27%.

Jank citou exemplos de negociações como a SantelisaVale, comprada pela Louis Dreyfus , a negociação da Moema, adquirida pela Bunge, além da aquisição da Brenco pela ETH. Ele lembrou ainda a compra de uma participação majoritária na Equipav pela indiana Shree Renuka, e também do avanço do Bertin no setor de biocombustíveis, com a negociação com a Infinity Bioenergy. Para Jank o setor ainda tem grandes perspectivas de crescimento, seja pela maior demanda por açúcar vinda de países emergentes, seja pela maior utilização de biocombustíveis. "Pelo etanol, o grande aumento que se espera é da frota flex [no Brasil], que ainda é de 40% do mercado".

Segundo a F.O. Licht, a produção de etanol no Brasil em 2010/11 deve subir para 27,4 bilhões de litros, ante 24 bilhões de 2009/10. O consumo interno, segundo a Licht, subirá de 22,5 bilhões para 25,2 bilhões de litros. "A frota de carros flex [no Brasil] continuará a se expandir e o etanol voltará a ser competitivo", afirmou o diretor-geral da Licht, Christoph Berg.