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PCs e celulares aquecem indústria de eletrônicos

Valor Econômico – 15/08/2008

Com o empurrão dado pelas vendas de computadores e pelo investimento das operadoras de celular nas redes de terceira geração (3G), a indústria eletroeletrônica aumentou seu faturamento em 11% no primeiro semestre do ano, na comparação com igual período de 2007. Entre janeiro e junho, as vendas do setor ficaram na casa dos R$ 50 bilhões (US$ 31,9 bilhões), de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). A expectativa é de que o ritmo de crescimento se mantenha na segunda metade do ano, quando a receita do setor deverá atingir R$ 123,6 bilhões (US$ 78,7 bilhões). As encomendas das operadoras deram impulso aos fornecedores de infra-estrutura e de aparelhos de telefone. Com isso, o segmento de telecomunicações cresceu 33% no primeiro semestre e deverá fechar o ano com faturamento de R$ 20,6 bilhões (US$ 13,1 bilhões), 18% maior do que o valor alcançado em 2007 - quando a escassez de encomendas das teles deixou os fabricantes em apuros. O setor de informática também teve crescimento expressivo no primeiro semestre - 8% - e deverá assegurar a maior contribuição ao faturamento da indústria de eletroeletrônicos. Segundo projeção da Abinee, a receita das empresas desse segmento deverá alcançar R$ 35,8 bilhões (US$ 22,8 bilhões) em 2008. O impulso vem das vendas de computadores, que estão aquecidas no país desde que incentivos fiscais permitiram o barateamento das máquinas. Nos primeiros seis meses deste ano, foram comercializados 5,7 milhões de PCs no Brasil, volume 31% superior ao verificado no mesmo período de 2007. O crescimento das áreas de telecomunicações e informática, no entanto, fez disparar as importações. As compras de produtos e equipamentos de outros países aumentaram 40% na primeira metade de 2008, alcançando US$ 15,1 bilhões. Os maiores vilões foram os semicondutores, os componentes para computadores e telefonia e os aparelhos de celular. As importações de telefones móveis cresceram 148%, chegando a US$ 334 milhões. A alta se justifica porque os terminais de terceira geração, mais sofisticados, ainda não têm grande escala de produção no país. As exportações de celulares ainda cobrem com folga esse movimento: as vendas ao exterior somaram US$ 1,1 bilhão entre janeiro e junho. No entanto, a pressão das importações no setor como um todo deverá fazer com que o déficit comercial da balança de eletroeletrônicos chegue a US$ 23,4 bilhões neste ano. O rombo foi de US$ 14,8 bilhões em 2007. O presidente da Abinee, Humberto Barbato, atribuiu a elevação do déficit ao real valorizado, que desestimula exportações.