26/07/09 10h33

Pequeno empresário se mantém firme na crise e investe

Folha de S. Paulo

Selma Frazão, 49, e Ilana Moniz, 47, estão investindo R$ 150 mil (US$ 78 mil) em uma escola de idiomas. Paulo Henrique Magalhães, 32, prevê expansão de 35% neste ano em sua empresa de tecnologia. Zeca Bastos, 43, acabou de abrir uma loja de depilação e criou oito empregos.

Os relatos mostram que o vigor do pequeno empreendedor resistiu ao pior da crise. As estatísticas refletem: micro e pequenas empresas criaram 450 mil empregos no ano, enquanto médias e grandes eliminaram 150 mil, segundo dados do Ministério do Trabalho. O saldo de vagas nas empresas menores em 2009 equivale assim a uma vez e meia o saldo total de postos formais no país no primeiro semestre (300 mil).

No Brasil, há 4,6 milhões de empresas, das quais 98% são micro e pequenas. Tradicionalmente, elas empregam 60% da mão de obra formal do país. Ao BNDES as micro e pequenas pediram R$ 4,3 bilhões (US$ 2,23 bilhões) neste ano - 22% mais do que no primeiro semestre de 2008.

Empresários e especialistas concordam que pequenas empresas não estão imunes à crise, mas sentiram menos os efeitos do que as de maior porte. Micro e pequenas empresas têm até 49 funcionários, de acordo com o Sebrae, e receita até R$ 10,5 milhões (US$ 5,4 milhões), segundo o BNDES.

As explicações são muitas. "São empresas mais voltadas para o consumidor do mercado interno, que sustentou a economia no primeiro semestre", diz Sérgio Malta, diretor do Sebrae-RJ. "Elas atendem um mercado que ainda sente os efeitos positivos do crescimento dos salários no passado recente", diz João Ferraz, diretor do BNDES. Malta lembra que a crise foi mais forte entre as exportadoras e, entre as micro e pequenas, poucas vendem para o mercado externo. A estrutura geralmente enxuta também ajuda.