11/11/22 13h36

“Perfil País” elaborado pela ApexBrasil indica caminhos para fortalecimento das relações comerciais com o México

Comex do Brasil

Após apresentar déficits para o Brasil nos anos de 2018, 2019 e 2020, a balança comercial com o México voltou a ser superavitária para os brasileiros no ano passado e neste ano vem seguindo novamente nessa direção. De janeiro a novembro, as exportações brasileiras cresceram 27,4% em comparação com o mesmo período do ano passado e totalizaram US$ 5,732 bilhões. 

Em contrapartida, as importações de produtos mexicanos somaram US$ 4,292 bilhões (alta de 14,8%) e a corrente de comércio (exportações+importações) gerou um saldo de US$ 1,440 bilhões para o Brasil em dez meses. Em todo o ano passado, o superávit brasileiro foi de US$ 999 milhões, e o intercâmbio bilateral totalizou US$ 10,122 bilhões. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia. 

De acordo com o “Perfil País” sobre o México, elaborado pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), com um PIB de US$ 1,3 trilhão, o México é a 15ª. maior economia do mundo e a 4ª. maior das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos, Canadá e Brasil e possui um ambiente regulatório muito bom e um centro industrial competitivo. 

Devido à vizinhança geográfica, o México tem nos Estados Unidos seu principal parceiro comercial e os americanos respondem por 44% do mercado importador mexicano, seguido pela China, com uma participação de 20%. A proximidade e o acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA na sigla em inglês), bem como os preços praticados pela China são os diferenciais no intercâmbio com esses parceiros. 

No ranking dos principais parceiros comerciais do México, em 2021, o Brasil foi o nono maior fornecedor, com uma participação de 1,7% no mercado mexicano, enquanto o México ocupou o décimo-primeiro lugar entre os maiores exportadores para o Brasil, com uma participação de 2,1% nas importações totais brasileiras. 

Em 2022, de janeiro a outubro, o Brasil forneceu apenas 2,04% do volume total das importações mexicanas e teve no México o país de origem de 1,87% de suas importações. O México foi ainda o 8º. principal destino das exportações brasileiras e 12º. maior exportador para o Brasil. 

Um dos destaques no fluxo de comércio brasileiro-mexicano está no fato de que quatro dos cinco principais produtos embarcados para o país norte-americano são bens industrializados, de maior valor agregado. Os principais itens dessa pauta até o mês de outubro foram produtos semiacabados, lingotes, etc (US$ 545 milhões); automóveis (US$ 519 milhões); soja (US$ 438 milhões); motores de pistão e suas partes (US$ 297 milhões) e veículos para transporte de cargas (US$ 234 milhões). 

Por outro lado, os destaques das exportações são todos eles produtos industrializados, com destaque para partes e acessórios de veículos automotivos (US$ 551 milhões), seguidos por máquinas de processamento automático de dados (US$ 239 milhões); veículos de transporte de mercadorias (US$ 228 milhões); resíduos de metais não-ferrosos (US$ 217 milhões); e instrumentos e aparelhos de medição, verificação, análise e controle (US$ 198 milhões). 

O “Perfil País” revela ainda que dos dez principais fornecedores do México, sete estão na Ásia, dois na América do Norte, e um (o Brasil), na América do Sul. O Brasil aparece como fornecedor de destaque para alguns poucos produtos como a soja (com um percentual de 17,9%, contra 82,1 dos Estados Unidos); veículos de passageiros (5,6% de um mercado amplamente dominado pelos americanos, com 38,7%); e em produtos semiacabados, lingotes (7,6% contra 92,4% de participação americana). 

De acordo com o estudo, o comércio com o México vem se intensificando desde a assinatura em 2002 de três Acordos de Complementação Econômica (ACEs 53, 54 e 55), todos assinados em 2002. O ACE 53 possui listas de degravação tarifária envolvendo 780 linhas tarifárias outorgadas pelo Brasil e 790 linhas recebidas. O ACE 54 não possui essas listas ou cronogramas para desgravações tarifáricas, tendo como objetivo a formação de um arcabouço legal para os demais acordos entres partes, sendo caracterizado como um Acordo-Quadro. 

Já o ACE 55, entre o México e os países do Mercosul, entrou em vigor em 2003 e contempla produtos do setor automotivo, como veículos comerciais leves, chassis com motor, tratores agrícolas e autopeças. Em 2021, dentre os dez grupos de produtos mais exportados pelo Brasil, quatro contemplam produtos abrangidos pelo ACE 55.Em 2020 foi publicado o 7º. Protocolo Adicional ao Apêndice II do ACE 55, que atualizou a lista de veículos leves, além de estabelecer o cronograma para o livre comércio de caminhões e ônibus, e, de forma imediata, para autopeças. 

O “Perfil País” identificou um total de 820 oportunidades comerciais com o México, destacando-se os setores de Máquinas e Equipamentos de Transporte (com 216 produtos e importações no total de US$ 46 bilhões e participação brasileira de 3,3%); Artigos Manufaturados, Classificados principalmente pelo Material (260 produtos envolvendo importações totais de US$ 16,3 bilhões dos quais 4,1% fornecidos pelo Brasil); Produtos Químicos e Relacionados (com 172 produtos, importações de US$ 13,7 bilhões, dos quais 2,7% são de participação brasileira); Produtos Alimentícios e Animais Vivos (US$ 6,8 bilhões em importações de 51 produtos e participação brasileira de 5,5%); e Outros, um segmento que envolve 121 produtos, importações de US$ 8,4 bilhões e no qual as empresas brasileiras participam com  7,9%, segundo dados do ano-base de 2021). 

Enquanto as trocas comerciais se expandem, os investimentos diretos entre o Brasil e o México vêm registrando fortes quedas nos últimos anos. No caso mexicano, o ápice dos investimentos foi alcançado em 2014, quando o estoque de IED no Brasil totalizou US$ 24,9 bilhões, tendo caído para US$ 13 bilhões em 2020, uma contração de 47,9% em relação ao teto de seis anos atrás. Apesar do recuo, o México permanece como principal investidor latino-americano no País, à frente do Chile e da Colômbia. 

Enquanto isso, o Brasil figura entre investidores diretos de pouco expressão no México, com um estoque total de apenas US$ 1,3 bilhão em 2020, contra US$ 1,6 bilhão investidos no país americano em 2019; Apesar disso, o estoque de capital brasileiro investido no país fechou a década de 2020 com uma alta de 62,7% em comparação ao ano de 2011. 

fonte: https://www.comexdobrasil.com/perfil-pais-elaborado-pela-apexbrasil-indica-caminhos-para-fortalecimento-das-relacoes-comerciais-com-o-mexico/