29/07/09 11h13

Pesquisa com algas atrai investidor

O Estado de S. Paulo

As pesquisas na área de biocombustíveis de algas, ainda incipientes no Brasil, já começam a chamar a atenção de investidores e prometem se transformar em soluções viáveis comercialmente dentro de três anos. Entre outras aplicações, as algas podem produzir biodiesel e ajudar a reduzir as emissões de CO2 de indústrias poluidoras, como termelétricas, siderúrgicas e cimenteiras.

No País, o principal expoente no setor privado dessa nova tendência é a Algae Biotecnologia, uma empresa "start-up" (iniciante) de biotecnologia, que há três anos pesquisa sistemas de produção de microalgas em laboratório. Criada pelo engenheiro agrônomo Sérgio Goldemberg, a Algae chamou a atenção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Agência Financiadora de estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Por causa de seu caráter inovador, a empresa conseguiu um financiamento de R$ 5 milhões (US$ 2,6 milhões) para pesquisa e acaba de ser adquirida pela Ecogeo, holding que atua no setor de soluções ambientais e que reúne outras cinco companhias.

"Em três anos, a tecnologia deverá estar pronta para patente e uso comercial. A primeira frente de pesquisa é eleger as melhores algas para fins de produção de biodiesel e sequestro de carbono", diz Sérgio Goldemberg, gerente técnico da Algae Biotecnologia. O cultivo de microalgas, explica Sérgio, é feito em reatores dentro do laboratório. Nesses reatores, as microalgas, alimentadas por nutrientes - sendo o CO2 o principal deles -, dobram de tamanho a cada dois dias. "Elas geram uma grande quantidade de biomassa rica em óleo, que pode ser extraído e transformado em biodiesel, pelo sistema tradicional. São mais eficientes que soja", diz o empreendedor. Além do CO2, as algas podem ser alimentadas com outros nutrientes como resíduos agrícolas. "A vinhaça da cana-de-açúcar e os resíduos de criadouros de suínos são opções que estudamos".

"As algas já sequestram carbono da atmosfera há muitos anos", diz o geólogo Ernesto Moeri, presidente do Grupo Ecogeo, que adquiriu 65% do capital da Algae Biotecnologia. A aposta na empresa iniciante se justifica pelas boas perspectivas que os chamados negócios "verdes" têm no médio e longo prazo. A Ecogeo prevê integrar os cultivos de microalgas com as unidades de produção de biogás do grupo.