02/12/09 11h28

Pesquisas no segmento dão impulso a negócios em polo no interior de SP

Valor Econômico

A nanotecnologia, caracterizada pela manipulação da matéria numa dimensão cem mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo, tem ajudado pequenas e médias empresas do polo aeroespacial de São José dos Campos a criar materiais inovadores, capazes de impulsionar seus negócios. Simulador de baixo custo para testes de células solares, filme de "diamond like carbon" (DLC) em mecanismos de satélites e diamantes artificiais com aplicações no espaço, na saúde e na exploração de petróleo e de outros minérios são alguns dos produtos que já vêm sendo utilizados, sobretudo pelo programa espacial brasileiro.

As aplicações da nanotecnologia em ambientes extremos e seu impacto no futuro do país foi tema do 4º Workshop Nanoaeroespacial, que terminou ontem em São José dos Campos (SP) e reuniu empresas, universidades e institutos de pesquisa. Segundo Milton Sérgio Fernandes de Lima, coordenador do evento, o mercado de nanotecnologia movimenta no mundo em torno de US$ 12 bilhões, mas a expectativa é de que esse número alcance a marca de US$ 3 trilhões em 2015.

A Embraer não está fora dessa tendência e, em parceria com universidades e institutos de pesquisa, vem direcionando seus esforços em projetos que possam trazer resultados e melhorias para as aeronaves que fabrica, como a redução do consumo de combustível, ruído, custos operacionais e de manutenção, além do aumento do conforto do passageiro.

Segundo Henrique Abrahão Alves, engenheiro de inteligência de mercado para aviação comercial da Embraer, nos próximos 15 anos a área de recobrimento, que inclui materiais que repelem água e dão maior resistência à estrutura da aeronave, aparece como primeiro segmento potencial de aplicação de nanotecnologia. Material composto, células combustíveis e solares, eletrônica de bordo e sensores também podem trazer inovações importantes aos produtos aeronáuticos.

"A maior parte das pesquisas em nanotecnologia ainda estão na fase de laboratório e são desenvolvidas por pequenas e médias empresas", disse Abrahão Alves, durante o workshop nanoaeroespacial. "Esse processo não deve dominar a aviação no próximo ciclo do produto aeronáutico, mas oferece inúmeras oportunidades para melhorarmos nossos aviões, em questões relacionadas a custos, riscos e desempenho."