03/12/09 12h23

Petrobras investe em supercomputador para explorar pré-sal

Valor Econômico

A Petrobras acaba de concluir o projeto Galileu, que consiste na instalação de um supercomputador com capacidade de 160 teraflops - o equivalente à realização de 160 trilhões de cálculos por segundo. O projeto envolveu uma parceria com cinco universidades e investimento de R$ 24,2 milhões (US$ 14,1 milhões). O supercomputador é o maior da América Latina e figura entre as 30 máquinas mais velozes do mundo, de acordo com um levantamento feito pela organização americana Top 500.

Essa "supermáquina", na verdade, é constituída por 3,3 mil processadores e mais de 13 mil servidores (computadores de grande porte) que operam em conjunto, o chamado cluster. Todo esse aparato está instalado em cinco instituições - Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP). A última etapa do projeto foi concluída nesta semana, com o início das operações do sistema na USP, que recebeu investimento de R$ 10 milhões (US$ 5,8 milhões).

O gerente-geral de gestão tecnológica do centro de pesquisas (Cenpes) da Petrobras, José Roberto Fagundes Netto, observa que a maioria das universidades com as quais a estatal mantêm parceria em pesquisas precisavam de infraestrutura adequada para desenvolver novos produtos e tecnologias em menos tempo. A opção da empresa foi investir inicialmente nessa estrutura física. Pela legislação, a Petrobras é obrigada a investir 1% da receita bruta gerada por campos gigantes (com capacidade de extração superior a 1 bilhão de barris) em pesquisa, sendo que 50% desse total deve ser aplicado em instituições nacionais. Nos últimos três anos, a Petrobras investiu R$ 1,8 bilhão (US$ 1,05 bilhão) em recursos nas chamadas redes temáticas. São redes de pesquisa que a estatal mantém em parceria com universidades e que incluem projetos como o Galileu. Neste ano, o investimento nas redes temáticas foi de R$ 490 milhões (US$ 284,9 milhões), com projeção de R$ 400 milhões (US$ 232,6 milhões) para 2010.

A conclusão do projeto Galileu exemplifica o rápido avanço dos equipamentos de alto desempenho (conhecidos como HPC ou High Performance Computing). Antes desse projeto, a Petrobras já havia lançado um supercomputador no Brasil. No ano passado, com investimento de R$ 5,8 milhões (US$ 3,37 milhões), a estatal criou o Netuno, instalado no Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da UFRJ, que possui uma capacidade de 16 teraflops e é composto por 256 servidores. Juntos, o projeto Galileu e o Netuno vão ajudar a compor a Grade BR, composta por cerca de 14 mil núcleos de processamento e uma capacidade total de 200 teraflops. Essa rede fornecerá infraestrutura computacional suficiente para que 300 pesquisadores das universidades envolvidas desenvolvam novos programas e simuladores para os trabalhos de pesquisa e perfuração de poços do pré-sal.