17/09/08 10h20

Petroquímicas podem usar gás do pré-sal

Gazeta Mercantil - 17/09/2008

A indústria petroquímica poderá ser beneficiada pelos gigantescos volumes de gás natural que poderão ser retirados de áreas na camada pré-sal da bacia de Santos, afirmou o sócio-diretor da Gas Energy, uma consultoria especializada na área de gás natural e petroquímica presente em toda a América Latina. De acordo com Carlos Alberto Lopes, o aproveitamento da parte líquida do gás, onde se encontram matérias-primas para a indústria petroquímica como etano, propano e butano, não compromete a venda do gás para usos energéticos e agregaria mais valor ao produto. Segundo ele, o etano "é a jóia da coroa para a petroquímica". "Nada contra a exportação do GNL (gás natural liqüefeito), mas a indústria química oferece oportunidades de agregação de valor. Não vamos ficar dependentes da exportação de produtos primários", disse Lopes durante a Rio Oil & Gas 2008, onde o debate sobre o pré-sal tem sido o tema dominante. De acordo com Lopes, para separar a parte líquida do gás natural seriam necessários investimentos maiores do que se apenas fossem extrair o gás e levá-lo à costa, ou se o gás fosse transformado em gás natural liqüefeito em pleno alto-mar. "Tecnicamente existem soluções, se são soluções rentáveis e suportam investimentos é necessário um estudo mais profundo, mas que tem que ser feito", avaliou o executivo. Ele informou que atualmente apenas no Catar se tem notícia de uma unidade petrolífera que separe os produtos líquidos do gás natural em pleno mar. "Mas é perto da costa", afirmou. O campo de Júpiter, por exemplo, onde estima-se que exista uma grande quantidade de gás, está a 290 quilômetros do litoral fluminense. Segundo Lopes, no projeto de Camisea, no Peru, desenvolvido pela argentina Pluspetrol, a parte térmica do gás está sendo vendida para uma termelétrica no México e será feito leilão para saber com quem fica a parte líquida, que pode ser vendida para a indústria petroquímica. "É um investimento a mais, porque você tem de extrair do gás esses componentes, que são as matérias-primas petroquímicas", explicou o diretor.