11/12/09 12h08

PIB cresce menos, mas com mais investimento

Valor Econômico

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,3% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o segundo trimestre, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mudou a avaliação sobre o ritmo do crescimento brasileiro e sua composição - o país está crescendo menos que o estimado, mas de uma forma melhor, com mais investimento. Na mesma comparação, o investimento cresceu 6,5%, bem acima da alta de 2% no consumo das famílias e da de 0,5% no consumo do governo. No lado da oferta, a indústria foi o grande destaque, aumentando 2,9% sobre o segundo trimestre, enquanto os serviços avançaram 1,6% e a agropecuária recuou 2,5%.

Os números indicam uma expansão mais equilibrada da economia, o que deve ajudar o país a atravessar 2010 sem pressões inflacionárias relevantes - com isso, diminuem os motivos para o Banco Central (BC) antecipar um eventual ciclo de alta dos juros.

Como costuma fazer ao divulgar o PIB do terceiro trimestre de cada ano, o IBGE anunciou ontem revisões das séries trimestrais do PIB, marcadas pela inclusão de novas informações sobre a atividade econômica pelas atualizações das estatísticas adotadas. O resultado do segundo trimestre foi revisto de uma alta de 1,9% para 1,1% em relação ao primeiro, na série livre de influências sazonais. A retração do quarto trimestre de 2008, por sua vez, foi menor do que se pensava: em vez de um tombo de 3,4%, houve uma queda de 2,9%. No acumulado de 2009, o PIB passou a somar um recuo de 1,7%, aumentando a probabilidade de que a economia brasileira encolha neste ano, o que não ocorre desde 1992, quando houve variação negativa de 0,5%.

Juros mais baixos, retomada do crédito e aposta no crescimento mais robusto nos próximos anos têm impulsionado o investimento, segundo analistas. Entre abril e junho, a alta da Formação Bruta de Capital Fixo - que mede os gastos em máquinas e equipamentos e na construção civil e por isso sinaliza o investimento - tinha sido de 2%, mais que o 1,1% do PIB e o 1,8% registrado pelo conjunto do consumo (das famílias e do governo). No terceiro trimestre, a diferença foi ainda maior, com o investimento crescendo 6,5% e o consumo, 1,7%.

O economista Juan Jensen, da Tendências Consultoria Integrada, vê como um bom sinal a recuperação dos investimentos. Esse componente da demanda sofreu muito com a crise, mas, com a perspectiva de retomada da economia, uma parte das empresas já voltou a investir. O analista Antônio Madeira, da MCM Consultores Associados, também diz que os números do PIB mostraram uma situação mais confortável do que se pensava do ponto de vista da ocupação da capacidade instalada na economia. Antes da divulgação do PIB do terceiro trimestre, ele esperava que a folga de recursos se esgotasse na virada do ano. Agora, a tendência é que isso demore mais tempo para ocorrer.

O crescimento expressivo da indústria foi outra boa notícia do resultado do PIB no terceiro trimestre. O setor avançou 2,9% em relação ao anterior, quando já havia sido registrada uma alta de 2,6% sobre os primeiros três meses do ano. "Em relação ao trimestre anterior, o país está crescendo. Já é a segunda taxa positiva, depois de duas negativas, e o que se vê é que tanto a indústria quanto os investimentos estão crescendo", diz Rebeca Palis, gerente de contas trimestrais do IBGE, lembrando que o PIB voltou ao nível registrado no fim de 2007 e começo de 2008.