27/08/08 13h44

PIB do agronegócio sobe 5% até maio, mas disparada dos insumos preocupa

Valor Econômico – 27/08/2008

A soma das riquezas produzidas pelo agronegócio cresceu 4,96% no período entre janeiro e maio, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, divulgado ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Os segmentos de insumos e básico ("da porteira para dentro") lideraram o avanço com crescimento de 10,37% e 8,04%, respectivamente. Em maio, o PIB do agronegócio cresceu 1,06%. Segundo Ricardo Cotta Ferreira, superintendente técnico da CNA, os números mostram significativa melhora do setor em relação a 2007 e indicam que "o agronegócio vai dar boa colaboração, este ano, para o crescimento da economia brasileira". Em contrapartida, Cotta afirmou que a taxa média de crescimento de 1% ao mês registrada até maio deverá cair no segundo semestre, ficando entre 0,7% e 0,8% mensais a partir de agosto. Os ritmos de crescimento da agricultura, de 4,96%, e da pecuária, de 4,93%, mantiveram-se equilibrados até maio. O "excepcional" desempenho dos dois setores, segundo Cotta, levou o PIB do agronegócio a R$ 288,64 bilhões (US$ 183,8 bilhões) no período. O montante é 28,9% superior ao mesmo período de 2007. Embora estime redução do ritmo do agronegócio nos próximos meses, o superintendente acredita que o PIB da agricultura e da pecuária passará de R$ 600 bilhões (US$ 382,2 bilhões) no ano. Ele advertiu, contudo, que "tudo indica que a produtividade será menor em 2009". A projeção baseia-se na redução do uso de fertilizantes na safra 2008/2009, movimento causado pela alta de mais de 120% dos preços do insumo nos últimos 12 meses. Ainda que considere forte o crescimento do PIB do agronegócio, o estudo do Cepea afirma que a situação de agricultores e agroindústria preocupa. No setor de processamento vegetal, por exemplo, o avanço foi de apenas 0,24% em maio. "Mesmo com bons preços recebidos, a margem de rentabilidade dos produtores segue ameaçada pelos custos", diz o estudo, citando o encarecimento de rações e fertilizantes.