30/11/11 14h32

Pirelli irá investir no país R$ 1 bi até 2015

Valor Econômico

Marco Provera, presidente da Pirelli: mesmo com investimento até 2015, planos não incluem nova fábrica no Brasil
Depois de registrar prejuízo em três dos últimos cinco anos, a Pirelli está executando uma nova estratégia global. Gradativamente, a demanda de cada região deverá ser atendida apenas pela produção local. O objetivo principal da nova prática é evitar exportações e importações - e, consequentemente, reduzir custos. Devido à mudança, a operação da América Latina passará por modificações - que demandarão investimentos de US$ 1 bilhão até 2015, sendo metade (quase R$ 1 bilhão) no Brasil.

Segundo o presidente global da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, a ideia é que o volume de produtos fabricados no país e exportados para outras regiões (35% da produção nacional) passe, gradativamente, a ser direcionado apenas às vendas no Brasil e em países vizinhos, como Paraguai e Argentina.

Além de atender aos países do Sul do continente, a produção da Pirelli no Brasil hoje alcança um grande mercado de pneus na América do Norte. É essa rota de exportação que a empresa vai eliminar nos próximos anos. Hoje, cerca de 14% da produção brasileira da Pirelli é direcionada aos países do Nafta (bloco composto por México, Estados Unidos e Canadá). "Esse número vai diminuir gradativamente, até chegar a zero", resume Provera. Em vez das fábricas brasileiras, a demanda no Nafta será atendida por uma nova unidade no México - a primeira da empresa no país.

Ele assegura, no entanto, que não haverá queda na produção nacional. A ideia é que a mudança seja gradual, de modo que anualmente a demanda regional do Brasil e da América do Sul "sugue" a produção local anteriormente exportada para outros blocos econômicos do globo.

Provera tem confiança no crescimento do mercado latino-americano e, principalmente, no brasileiro. A empresa planeja um forte crescimento, principalmente no que o executivo chama de mercado de "pneus premium", usados em carros de luxo. Hoje, a Pirelli tem apenas 3% desse segmento no país e planeja elevar o número para 50%. "O mercado de luxo está começando a crescer no país."

Perguntado se esse segmento é a grande aposta da empresa, Provera responde que essa não seria a palavra correta. "Esse crescimento já está realmente acontecendo. Não é uma aposta", diz. Em todo o mundo, o executivo diz que a Pirelli vai investir US$ 2,3 bilhões, pouco menos de um quarto no Brasil.

Se as previsões da empresa se confirmarem, 2011 fechará com faturamento de US$ 2,7 bilhões na América Latina, sendo que US$ 1,7 bilhão será originado no Brasil. Até 2014, as receitas geradas na região chegarão a US$ 3,4 bilhões, espera o executivo. O planejamento da empresa até 2015 comprova o otimismo, já que o investimento planejado para o continente latino-americano é quase a metade do que será aplicado em todo o mundo durante os próximos quatro anos.

O investimento da companhia no país será aplicado principalmente em melhorias nas fábricas atuais e em máquinas e equipamentos. "Não temos planos para uma nova fábrica no país", diz Provera. A Pirelli já tem cinco unidades no Brasil - em Campinas (SP), Santo André (SP), Sumaré (SP), Feira de Santana (BA) e Gravataí (RS). Além disso, tem outras duas na América do Sul: na Argentina e na Venezuela.

Embora não tenha anunciado novas fábricas no Brasil, a Pirelli vai construir um novo campo de provas de pneus (para pneus de moto, automóveis, picapes, caminhões, ônibus e tratores). O empreendimento será erguido em Elias Fausto, no interior de São Paulo. O custo total do projeto é de R$ 40 milhões.

Depois de responder à maioria das perguntas de modo preciso e direto, Provera muda de comportamento e prefere não comentar o caso de espionagem e corrupção em que é investigado pela justiça italiana. "Eles já estão investigando por sete anos. Não tem nada a ver com meu trabalho. É o trabalho deles, não o meu. Deixemos isso de lado", diz. De acordo com agências internacionais de notícia, Provera está sob investigação no caso de suposta espionagem por funcionários da Telecom Italia contra figuras públicas italianas. A Pirelli fazia parte do grupo de controle da Telecom Italia até 2007. O executivo é suspeito de corrupção internacional e de ter recebido produtos roubados, de acordo com a Reuters.