28/12/09 11h56

Porto de Santos deverá triplicar carga até 2014

Valor Econômico

O porto de Santos viu sua movimentação saltar de menos de 55 milhões de toneladas em 2003 para 80 milhões de toneladas em 2008, um aumento de quase 50% em um período de apenas cinco anos. A ameaça de um crescimento explosivo na movimentação levou o porto a se preparar com um estudo detalhado sobre a evolução de sua demanda nos próximos anos, e os investimentos necessários para atendê-la. Fruto de um convênio entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Secretaria Especial de Portos (SEP), o estudo aponta que a autoridade portuária precisa buscar instalações capazes de movimentar, em 15 anos, 230 milhões de toneladas - o triplo do volume atual.

O documento, inédito pela abrangência, inclui simulações matemáticas sobre tendências da economia mundial, com taxas de crescimento do PIB de cada país, do câmbio, valores de mercadorias e custos do transporte em diferentes modais, entre outros indicadores. O estudo já indica carências no porto, como na área de granéis líquidos, fertilizantes, e enxofre, e dá suporte a planos para mudar o acesso a Santos, fundado no transporte rodoviário e prestes a entrar em colapso.

Vencedores de uma concorrência pública, os grupos Louis Berger, norte-americano, e Internave, brasileiro, acabam de entregar à Codesp o resultado de cerca de um semestre de trabalho, ao custo de US$ 1,3 milhão, dos quais o BID responde por US$ 1 milhão e a SEP, US$ 300 mil. "É um presente que a Codesp ganhou, não vai para a prateleira. Estamos aferindo números e cenários apresentados para levar ao Conselho de Autoridade Portuária (CAP) o novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento até o final de primeiro semestre de 2010", estima o engenheiro Renato Barco, diretor de Planejamento Estratégico e Controle da Codesp.

Ao mesmo tempo, a estatal recebeu um projeto do Laboratório de Transportes da USP, traçando a política a ser implantada para melhorar a acessibilidade ao porto. "É preciso viabilizar a carga que está para chegar a Santos e para isso buscamos a contribuição da USP", explica o diretor da Codesp. Barco adianta que um dos principais focos do projeto é o do aumento do modal ferroviário no transporte de cargas para o porto, hoje em torno do equivalente a 15%. Prevê ainda a conveniência de uso de alternativas para a carga chegar e sair dos terminais privados, como dutovia, malha hidroviária da Baixada Santista e esteiras rolantes para minérios.

O horizonte total do trabalho da Louis Berger e Internave vai até 2024, dividido em três períodos de cinco anos, com previsões pessimista, otimista e "base". No cenário otimista, a previsão é de 229,73 milhões de toneladas, enquanto na pessimista, 137,42 milhões de toneladas e no conceito "base", 180,75 milhões de toneladas. Santos espera fechar 2009 com 82,1 milhões de toneladas, mais 1,2% sobre o ano passado.