09/02/10 10h30

Portugal Telecom adquire a brasileira GPTI

Valor Econômico

A Portugal Telecom anunciou, ontem, a aquisição da brasileira GPTI, especializada em software e serviços de tecnologia da informação (TI). Sob o negócio - feito integralmente em ações -, a GPTI será absorvida pela Dedic, empresa de call center do grupo português. O valor do negócio não é revelado, mas o acordo dará a Fábio Pereira, o fundador da GPTI, uma participação entre 5% e 20% na Dedic, dependendo dos resultados alcançados até o fim de 2011.

Com a aquisição, a Portugal Telecom planeja ampliar a área de atuação da Dedic para concorrer mais de perto com rivais como a Tivit, do grupo Votorantim. A Dedic, disse Zeinal Bava, executivo-chefe da operadora, já tinha duas áreas consideradas essenciais a uma empresa desse perfil: a de atendimento (call center) e a de terceirização de processos, como contas a pagar, contas a receber, folha de pagamento etc. Com a GPTI, afirmou o executivo, a empresa passa a contar com a vertente que faltava, a de tecnologia da informação. A companhia resultante do acordo reúne 22 mil funcionários - a GPTI, no fim de dezembro, contava com 2,5 mil profissionais - e uma receita de R$ 555 milhões (US$ 281,7 milhões).

A GPTI foi criada formalmente em junho de 2008 e já em sua criação, metas ambiciosas. Os planos incluíam dobrar o faturamento até o fim de 2008 e captar um aporte de US$ 100 milhões - que poderiam vir de um fundo de participações - para adquirir cinco empresas, em segmentos considerados estratégicos. O objetivo mais amplo era dar músculos à companhia para torná-la atraente aos potenciais investidores numa oferta pública inicial de ações. O prazo inicialmente previsto para levar a empresa à bolsa de valores terminava em abril de 2009.

Ontem, na nota em que divulgou o negócio, a Portugal Telecom informou que a receita da GPTI no ano passado foi de R$ 140 milhões (US$ 71,1 milhões). O montante representa menos da metade do faturamento divulgado em meados de 2008. "Nos últimos dois anos, o mundo mudou muito e o acesso à liquidez se alterou significativamente", disse Bava. "Mas o que nos interessa é o futuro da companhia, não seu passado." Um dos pontos mais relevantes, afirmou o executivo, é que 75% dos negócios da GPTI são recorrentes, ou seja, baseiam-se em contratos que preveem pagamentos periódicos, o que gera um fluxo regular de caixa.

O negócio também abre oportunidades para levar a tecnologia da GPTI ao exterior, no atendimento a clientes da Portugal Telecom em países da Europa e da África. "O Brasil tem condições extraordinárias para rivalizar na terceirização com países como Índia, Indonésia e Malásia", disse Bava. "Existe pessoal e tecnologia para isso."