08/02/10 10h48

Pré-sal cria nova corrida do ouro

O Estado de S. Paulo

Quando o primeiro equipamento submarino para o projeto piloto de Tupi deixar a fábrica da Aker Solutions em Curitiba, em junho, a sensação de dever cumprido não se limitará à capital paranaense. Em Piracicaba, a 570 quilômetros de distância, os funcionários da NG Metalurgia também poderão comemorar a entrega da primeira estrutura metálica para um equipamento destinado ao pré-sal. Situação semelhante viverão os empregados da Flanel, sediada em Osasco, na grande São Paulo, que também foi subcontratada para o projeto.

A fabricação do equipamento, chamado árvore de Natal molhada, mobilizou em torno de 10 empresas espalhadas pelo País, um reflexo da diversidade de negócios provocados pelo crescimento da produção nacional de petróleo. Com as perspectivas criadas pelo pré-sal, esse movimento tende a se intensificar, atraindo o interesse de fabricantes de equipamentos de todo o mundo. Com a exigência de conteúdo nacional, já começou a corrida pela ampliação ou instalação de novas empresas no País.

O otimismo dá o tom das conversas com executivos do setor. ''A indústria do petróleo é a única que mantém o ritmo de investimentos'', diz o gerente de vendas da NG Metalurgia, Rogério Fanini. A companhia investiu R$ 30 milhões (US$ 16,7 milhões) nos últimos anos em ampliação da capacidade e espera um crescimento anual entre 10% e 15% nas vendas ao setor, que hoje representa um terço dos R$ 400 milhões (US$ 222,2 milhões) que fatura por ano.

''Vamos dobrar as vendas para o setor'', aposta o presidente da Flanel, Carlos Seiscentos, confiante no projeto de desenvolvimento de uma nova tecnologia de produção de aço, que consumiu R$ 10 milhões (US$ 5,6 milhões) em investimentos e já está sendo avaliada pela Petrobrás. Fornecedora de tubos e outros produtos forjados para o setor, e empresa vê no aço especial uma lacuna a ser preenchida, principalmente depois que o rompimento de um parafuso levou a estatal a suspender o teste de produção de Tupi, no ano passado. Com o novo aço, mais resistente a altas pressões, a Flanel espera ganhar o mercado de parafusos para sistemas submarinos.

Segundo estimativas do mercado, há hoje aproximadamente quatro mil empresas listadas no cadastro de fornecedores da Petrobrás. Apenas no cadastro da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), que visa a abrir o caminho para as petroleiras privadas, são cerca de 1,8 mil. ''A Onip tem sido procurada de forma ostensiva por empresas de diversos países com interesse em se instalar no Brasil ou em parcerias com empresas nacionais'', diz o superintendente da entidade, Alfredo Renault, citando comitivas da Coreia, Espanha, França e Noruega, por exemplo. ''Eles não vêm atrás apenas de mercado para exportar seus produtos, mas querem saber como garantir presença no País.''