18/10/12 12h37

Pré-sal faz ABC virar elo estratégico

Folha de S. Paulo

Para especialistas, proximidade com São Paulo e Santos impulsiona mercado de imóveis comerciais na região

Com o crescimento das cidades, a oferta de empresas do setor de serviços também aumentou

Um ponto estratégico para fazer negócio entre São Paulo e a Baixada Santista e com acesso fácil a importantes rodovias como a Anchieta e o trecho sul do Rodoanel. Assim especialistas descrevem o ABC, que desde 2010 viu novos prédios comerciais surgirem na esteira do boom do mercado residencial.

Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul estão entre as dez cidades da região metropolitana que mais lançaram residenciais de janeiro a julho deste ano, segundo o Secovi-SP (sindicato da habitação).

"Não vejo como algo consolidado, mas acredito que as empresas que investem no pré-sal terão no ABC um ponto estratégico, uma ponte entre São Paulo e Santos", diz Octávio Flores, diretor de negócios da construtora Gafisa.

A empresa está construindo duas torres no Espaço Cerâmica, bairro planejado em um terreno de 300 mil m² onde ficava a Cerâmica São Caetano, em São Caetano do Sul. Além de abrigar escritórios, o complexo, projetado pela Construtora Sobloco, reúne shopping, torres residenciais, área para casas e contará com uma unidade do Hospital São Luiz, com previsão de entrega em 2014.

"A região abandonou seu perfil puramente industrial, constituída por cidades-dormitório, e agora conta com uma melhor oferta de serviços e uma economia própria."

Com as 855 unidades dos dois empreendimentos da Gafisa, São Caetano ficou na terceira posição em lançamentos comerciais de janeiro a agosto de 2011 na região metropolitana, atrás apenas de São Paulo e Barueri.

Com as 119 unidades entregues no mesmo período deste ano, a cidade caiu para a sétima posição no ranking.

Em São Bernardo também houve queda - 96 salas lançadas de janeiro a agosto deste ano, ante 222 no mesmo período de 2011. Os dados são da Geoimovel, empresa de informações imobiliárias.

Para Rosana Carnevalli, diretora-adjunta regional do SindusCon-SP (sindicato da construção), o mercado menos aquecido e as mudanças no Plano Diretor da cidade, que ficou mais restritivo, contribuíram para a queda.

Em Santo André, os conjuntos comerciais menores, voltados principalmente para profissionais liberais da própria região, destacam-se.

"Ainda em 2008 notei a pouca oferta e resolvi investir nesse segmento", diz Alaor Fratta, proprietário da Fratta Construtora.

Neste ano, a empresa lançou um empreendimento com 98 salas na cidade e tem três projetos na espera de aprovação, dois em Santo André e um em São Bernardo.

VALORIZAÇÃO
Em menor escala que em São Paulo, lançamentos comerciais em São Caetano e São Bernardo começam a mudar a cara de bairros antes com vocação estritamente residencial ou fabril.

O Domo Business, na avenida Pereira Barreto, em São Bernardo, é um desses casos.
"Empreendimentos com um perfil mais corporativo podem impulsionar o desenvolvimento da região, como aconteceu em lugares como a Berrini, em São Paulo. Vejo essa tendência na Pereira Barreto", diz Rosana.

"É natural que as pessoas que se mudaram para o ABC por causa dos preços mais atrativos dos apartamentos agora busquem trabalhar perto da nova moradia."

A presença do investidor, atraído pelos preços mais baixos em relação à capital, também é forte na região, aponta Sérgio Domingues, da BBC Imóveis, de São Caetano.

"Decidimos investir em um comercial pela possibilidade do bom retorno com o aluguel", diz Fernanda Sabatini, que comprou uma sala de 66 m² em um prédio recém-lançado em São Bernardo.