04/08/09 11h29

Preço do açúcar anima cadeia da cana

Folha de S. Paulo

Chuvas além da conta no Brasil e clima muito seco na Índia sustentam os preços do açúcar no mercado internacional. Ontem, num dia de forte alta das commodities -produtos primários com grande participação no comércio mundial-, o açúcar fechou a 19,14 centavos de dólar por libra-peso, alta de 2,85% em relação ao pregão de sexta-feira no mercado futuro de Nova York. A máxima chegou a 19,43, o maior patamar em 3,5 anos. Em Londres, a tonelada ficou em US$ 502,90 para o primeiro contrato, valorização de 2,26%, na maior cotação em 25 anos.

Em relação a um ano atrás, os preços nova-iorquinos estão 35,46% mais altos. Os londrinos, 24,79%. Analistas esperam que os futuros do açúcar superem em breve os 20 centavos de dólar por libra-peso em Nova York. Confirmada essa previsão, cairá um recorde de 28 anos. Essa tendência se explica pela evolução das safras dos maiores produtores mundiais. "A Índia está muito seca, e o Brasil, muito úmido. Isso ocorre em um momento de déficit (global) de 9 milhões de toneladas", afirma Hussein Allidina, chefe de pesquisa de commodities do Morgan Stanley. Ele prevê que a produção brasileira alcance 35,7 milhões de toneladas. "Entretanto, se as chuvas continuarem, a cana será deixada nos campos."

Todo esse cenário faz com que os preços do açúcar no mercado interno brasileiro permaneçam em elevação. Mírian Bacchi, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP), comparou o preço atual da saca de 50 kg no interior paulista com as cotações médias das safras passadas, retirado o efeito da inflação. O indicador do açúcar cristal fechou ontem em R$ 42 (US$ 22,1), R$ 10 (US$ 5,3) mais que a média de toda a safra passada. Em relação à temporada anterior, o aumento é de R$ 13 (US$ 6,8). "As projeções do mercado futuro de Nova York são favoráveis até meados de 2012", afirma Bacchi.