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Previsão para laranja em SP causa surpresa

Valor Econômico - 09/05/2008

Tinha tudo para ser um evento marcante. Afinal, pela primeira vez em muito tempo, a Secretaria da Agricultura de São Paulo anunciaria, com pompa e circunstância, sua projeção para uma nova safra de laranja no Estado, no caso a 2008/09, cuja colheita está começando agora. Nada da discrição do passado, incompatível com o peso paulista no mercado global de suco. Como pode o dono do maior parque citrícola do planeta e origem de mais de 80% das exportações mundiais de suco de laranja ter tão pouca influência na formação dos preços da commodity na bolsa de Nova York, ainda um espelho do que acontece na Flórida, que produz e exporta muito menos? E o evento foi marcante, com representantes de produtores e indústrias, regado a néctar sabor laranja e, ainda por cima, com surpresa no final: segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à secretaria, São Paulo produzirá 368,2 milhões de caixas de 40,8 quilos da fruta em 2008/09, 0,7% mais que na temporada anterior. Ninguém esperava por um número superior ao de 2007/08. As apostas eram de queda de, no mínimo, 7%. Para a maioria, 310 milhões de caixas refletiriam melhor os problemas climáticos que afetaram os pomares paulistas. Mas, como o IEA mudou a metodologia e depurou seu levantamento, existe a possibilidade de o mercado estar diante de estimativas mais confiáveis, de uma nova base de cálculo. Resta esperar por 2009/10, quando o governo estadual prometeu novas melhorias, inclusive com o georreferenciamento das propriedades, conforme o secretário João Sampaio. Essa hipótese não serviu de alento para os citricultores que prestigiaram o evento de ontem. Preocupados com o forte aumento de custos e com dificuldades para garantir remunerações melhores pela laranja que entregam às indústrias de suco, eles passaram a temer que a projeção realmente tenha mais relevância em Nova York e na Europa, maior mercado para a bebida brasileira no exterior. Porque se tiver, a tendência será de pressão sobre as cotações, que já acumulam queda de cerca de 30% nos últimos doze meses.