07/03/13 16h26

Produção de carros cresce 18,4% no bimestre e supera expectativa

O Estado de S. Paulo

A produção de veículos superou as expectativas de analistas do mercado automobilístico e cresceu 18,4% no primeiro bimestre em relação ao mesmo período de 2012. No fim do mês, a previsão era de alta de 4% a 5% em relação a 2012.

Com expectativa de as vendas voltarem a crescer neste mês, para números próximos a 310 mil veículos, as fábricas, ao que tudo indica, seguirão operando em ritmo normal, apesar de terem encerrado fevereiro com estoques suficientes para 39 dias de vendas nas fábricas e concessionárias, ante 29 dias em janeiro.

As fabricantes de veículos abriram 1,8 mil postos de trabalho nos dois meses do ano e, junto com as empresas de máquinas agrícolas empregam atualmente 151,9 mil pessoas, quase 2,4 mil a mais que em dezembro.

Nos dois primeiros meses do ano foram fabricados 508,6 mil veículos, dos quais 475,8 mil são automóveis e comerciais leves - uma elevação de 15,8% se comparada aos dois primeiros meses do ano passado.

As maiores altas vieram dos segmentos de caminhões e ônibus que cresceram, respectivamente, 72,7% e 78,9% no bimestre, em parte para acompanhar o melhor desempenho da economia nesse início de ano.

"O setor está realmente com vigor na produção no primeiro bimestre", afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. A indústria automobilística participa com 23% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial.

As vendas também devem manter-se em bom ritmo, na visão de Belini. O fraco desempenho de fevereiro, com queda de 24,5% ante janeiro, foi justificado pelo menor número de dias úteis e pela alta de preços nos automóveis após a volta gradual do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em janeiro.

Ainda assim, no primeiro bimestre as vendas registraram volume recorde de 546,5 mil unidades, um crescimento de 5,6% em relação a igual período de 2012.

Para este mês, a indústria prepara-se para vender volume próximo ao de janeiro - que foi de 311,5 mil unidades e 30% melhor que o do mês passado.

Ataque. "A tendência é de que na segunda quinzena ocorra um ataque das montadoras com promoções e campanhas", diz Belini. O mote será alertar consumidores da nova alta do IPI em 1º de abril, o que pode resultar em mais um movimento de antecipação de compras.

O IPI dos carros com motor 1.0 subirá de 2% para 3,5%. Para modelos até 2.0 flex de 7% para j 9% e de 8% para 10% naqueles a gasolina. O repasse para os preços depende da estratégia de cada marca, mas, a exemplo do que ocorreu em janeiro, é provável que a maioria dos modelos que serão faturados a partir daquela data tenha algum reajuste.

Ao contrário da visão pessimista do executivo da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), Alarico Assumpção, que disse que o mercado "esta voltando ao patamar médio da crise de 2008 e 2009", Belini diz que não vê, no momento, "nenhum sinal em qualquer montadora de parar a produção ou dar férias". Ele lembra que em abril e maio de 2012 os estoques chegaram a 43 dias, mas o ritmo de vendas apresentava forte retração, cenário diferente do atual. Na ocasião, o governo reduziu o IPI, que voltou a ser cobrado gradualmente em janeiro e retomará ao normal em julho.