05/04/13 14h00

Produção de carros tem melhor março da história e cresce 12,1% no trimestre

O Estado de S. Paulo

A produção de veículos no Brasil cresceu 12,1% no primeiro trimestre na comparação com igual período de 2012, com um total de 827,7 mil unidades. Só em março, a alta foi de 3,4% em relação ao mesmo mês do ano passado e de quase 40% ante fevereiro, um mês curto em termos de dias úteis.

Foi o melhor março da história, com 319,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus produzidos. O recorde anterior para o mês era o de 2010, com 317,9 mil unidades.

No último sábado, preocupado com uma desaceleração no setor que responde por 23% do Produto Interno Bruto Industrial (PIB), o governo decidiu manter reduzido o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis até o fim do ano.

Em nota, o Ministério da Fazenda justificou que, "com essa medida, o governo não só estimula o setor automotivo, um dos principais motores da economia, como toda a cadeia automobilística, como as indústrias de autopeças, de estofamento e de acessórios."

O IPI deveria subir em abril e em julho como parte da volta escalonada da cobrança integral do imposto, que permaneceu reduzido de maio a dezembro. Outra preocupação do governo é a de conter a alta da inflação.

As vendas de carros novos, por outro lado, cresceram a um ritmo bem inferior ao da produção. No trimestre, a alta é de 1,5% em relação aos três primeiros meses de 2012, com 830,4 mil unidades vendidas, incluindo modelos importados. O segmento de automóveis e comerciais leves, alvo do corte do IPI, teve alta de 2,1%, com 788,5 mil unidades.

Descasamento. Segundo Cledorvino Belini, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o descasamento entre produção e vendas ocorre, em parte, em razão de o setor ter iniciado 2013 com estoques baixos. Em janeiro, o estoque era equivalente a 29 dias de vendas, mas saltou para 39 dias em fevereiro e caiu para 35 dias em março, com 330,5 mil carros nas revendas e fábricas. A média considerada saudável pelo mercado é de 25 a 30 dias de estoque.

"A produção está forte justamente esperando um mercado positivo nos próximos meses", diz Belini. "Ela vai se ajustando à medida que o estoque regulador aumenta." A Anfavea não divulga projeções para abril, mas executivos do setor esperam vendas próximas a 300 mil unidades.

Com o IPI menor, Belini diz que será possível trabalhar com projeção de crescimento de 3,5% a 4% nas vendas do ano (3,9 milhões de veículos) e de 4,5% para a produção (3,5 milhões). Sem o benefício tributário, diz ele, essas metas não seriam atingidas.

Belini afirma que as vendas em março ficaram abaixo do esperado, por isso o setor sugeriu ao governo a manutenção do IPI menor. "No trimestre, crescemos apenas 1,5% e, para chegar aos 4,5% significa que nos próximos meses os resultados terão de ser superiores a 3,5%".

Fabricantes de veículos demitiram 313 funcionários em março -parte deles da General Motors, que dispensou pessoal que estava afastado desde agosto e emprega hoje 131,4 mil pessoas, ainda o mais alto nível desde 1980. Com as vagas abertas no segmento de máquinas agrícolas, o setor encerrou março com 151,9 mil empregados, quase o mesmo número de fevereiro.

Segundo a Anfavea, não há compromisso formal com o governo de manutenção de vagas em troca do IPI menor, mas isso está implícito na medida em que a produção seguir em alta.

Para a consultoria Rosemberg Associados, a sinalização trazida pelos dados da produção de veículos indica que a produção industrial como um todo deve ter crescido mais de 1% em março ante fevereiro, em termos ajustados sazonalmente. "Com isso, melhoram, novamente, os prognósticos para o primeiro trimestre do ano", avalia.