07/12/10 10h33

Produção de veículos deve ser 14% superior à de 2009

Folha de S. Paulo

A produção de veículos no Brasil até novembro (3,359 milhões de unidades) já supera com folga a quantidade contabilizada em todo o ano passado (3,183 milhões), segundo dados da Anfavea (associação das montadoras), batendo novo recorde. Já as exportações seguem em trajetória de recuperação e tiveram acréscimo de 70% no acumulado do ano, totalizando 716,2 mil unidades.

Para Cledorvino Belini, presidente da entidade, as medidas do governo para conter o crédito e restringir a venda de carros sem entrada não vão afetar o desempenho do setor neste mês e devem ser transitórias, já que miram o controle da inflação. A estimativa é licenciar 3,45 milhões de veículos em todo o ano, o que representaria alta de 9,8% ante 2009.

As previsões são ainda maiores para a produção (14,4%), para 3,64 milhões de unidades, e para as vendas externas (64,2%), elevando o patamar atual a 780 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões. Em 2011, no entanto, o ritmo de crescimento dos emplacamentos deve diminuir (5,2%), o que, ainda assim, levaria a indústria automotiva ao quinto recorde seguido. Essa desaceleração, de acordo com Belini, deve-se "a toda a conjuntura", minimizando mais uma vez os efeitos das medidas do BC.

Menos otimista, o presidente da Fenabrave (federação das concessionárias), Sérgio Reze, diz que haverá impacto. "Certamente ocorrerá [queda], como é o objetivo do governo." Apesar disso, ele considera que "a decisão veio na hora certa". Para a produção, a estimativa da Anfavea é de acréscimo mais modesto (1,1%) e a projeção para as exportações é de queda de 6,4%. "O fortalecimento do real é extremamente preocupante e temos ainda o problema do custo Brasil." O presidente da associação destacou ainda a maior participação de carros desmontados nas vendas externas, segmento com menor valor agregado.

Marcelo Cioffi, da PricewaterhouseCoopers, ressalta que as montadoras, em todo o mundo, saíram mais eficientes da crise, com ganhos de produtividade. O consultor lembra ainda que os mercados maduros vão se recuperar, mas ainda assim os emergentes continuarão puxando o crescimento global.