10/01/11 11h13

Programa do BNDES amplia crédito para caminhões

O Estado de S. Paulo

Com os juros subsidiados do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para bens de capital, os bancos de montadoras têm aumentado o repasse de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Dos R$ 85,8 bilhões (US$ 48,8 bilhões) liberados pelo BNDES em operações indiretas entre janeiro e novembro de 2010, cerca de 10% foram para bancos ligados a montadoras de ônibus e de caminhões, também contemplados pelo programa para máquinas e equipamentos. Segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), a linha Finame do BNDES, que financia bens de capital com juros reduzidos pelo PSI, foi utilizada em 71% das vendas de veículos comerciais em 2010. O padrão dos anos anteriores era de 50%.

Criado em 2009 para estimular investimentos em meio à crise, o PSI contempla ônibus e caminhões como bens de capital. Os juros foram reduzidos com subsídio do Tesouro e chegam ao tomador com taxas entre 7% e 8% ao ano, sendo ainda menor no programa Procaminhoneiro. Antes, as taxas superavam 12%. Entre julho de 2009 e outubro deste ano, o PSI financiou R$ 28 bilhões (US$ 15,1 bilhões) em veículos pesados pela Finame e outros R$ 6,7 bilhões (US$ 3,6 bilhões) pelo Procaminhoneiro. Embora a maior parte dos contratos para veículos comerciais seja feita por meio dos grandes bancos, a demanda alta de caminhões fez as financeiras de montadoras, que já operavam com forte dependência do BNDES, se destacarem ainda mais na lista de credenciados da instituição estatal.

Em novembro, o Banco Mercedes-Benz ultrapassou a marca de R$ 3 bilhões (US$ 1,76 bilhão) no financiamento de 15.530 veículos da montadora, alta de 13% em relação ao mesmo período de 2009. Do total emprestado, 85% veio do BNDES, ultrapassando os R$ 2,52 bilhões (US$ 1,5 bilhão) que o Mercedes repassou em 2009. O Banco Volvo também elevou sua participação nos recursos do BNDES e superou, em outubro, R$ 1 bilhão (US$ 588 milhões).

O Banco Volks, que já repassava R$ 2,3 bilhões (US$ 1,3 bilhão) em 2008, atingiu R$ 3,4 bilhões (US$ 2 bilhões) em novembro. O banco Fidis, ligado à Iveco (Fiat), aumentou em 570% sua participação nas operações indiretas do BNDES ao intermediar mais de R$ 480 milhões (US$ 272,7 milhões) em 2010. O Banco Scania, que nem aparecia nos números do BNDES até 2009, repassou no ano passado R$ 41,49 milhões (US$ 23,6 milhões).

"Como a taxa final ficou muito atrativa, o PSI acelerou as vendas de caminhões. As prestações ficaram baixas em relação à manutenção de veículos velhos, estimulando renovação de frota", diz Décio Carbonari de Almeida, presidente da Anef e do Banco Volks. Segundo ele, mesmo com o crescimento do crédito para automóveis, os caminhões já representam 45% da carteira do Volks. O crédito barato, combinado com a isenção de IPI para caminhões, turbinou a indústria de caminhões, mas tem prazo para acabar. Embora tenha sido prorrogado três vezes desde 2009, o programa termina oficialmente em março deste ano, esgotando o orçamento total de R$ 134 bilhões (US$ 76,1 bilhões).