10/05/21 12h06

Puxado pelo Brasil, produção e consumo de aço da América Latina crescem

IPESI

Afetada duramente pela pandemia do novo coronavírus no ano passado, a indústria siderúrgica da América Latina vem dando consistentes sinais de recuperação neste ano de 2021. O consumo de aço em janeiro seguiu aumentando, 0,8% na comparação com dezembro de 2020, o nono mês consecutivo de avanço, totalizando 6,09 milhões de t. Foram 12,7% a mais do que em janeiro de 2020. 

A produção de aço bruto na América Latina em 2020 foi de 55,6 milhões de t, o que representou uma queda de 8,4%, em relação ao total de 2019. Argentina, Brasil, México e Peru foram os países da região que registraram as maiores quedas na produção da matéria-prima em 2020. 

Com o bom desempenho de janeiro de 2021, recuperou-se assim o nível de consumo anterior ao início da pandemia da Covid-19, tendo sido o Brasil, curiosamente, o país que também mais contribuiu para a melhora do desempenho da demanda no subcontinente. 

O consumo no Brasil cresceu 8,8% em janeiro, o quinto mês consecutivo acima de 2 milhões de t mensais, nível que não era registrado desde junho de 2018. Mas a alta na Argentina foi percentualmente maior, de 10,8% em janeiro, em comparação com dezembro de 2020. 

De acordo com a Associação Latino-americana do Aço (Alacero), as razões da recuperação estão na conjunção de fatores positivos, como o aumento do índice de produção industrial e a consequente recuperação da demanda e a recomposição dos estoques, tanto dos consumidores finais quanto da cadeia de distribuição. 

A entidade acredita que as perspectivas de curto prazo apontam inclusive para o fortalecimento da demanda de aço na região. Não está sozinha nesta análise. O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou a atualização de abril das suas previsões para este ano, e as notícias são boas para a siderurgia latino-americana. 

O FMI estima que a economia global deverá crescer 6% em 2021. Nos países desenvolvidos o crescimento será de 5,1%, nas economias emergentes de 6,7% e na América Latina de 4,6%. Os destaques na região são o Brasil, com uma taxa de 3,7%, e o México, com 5%. 

BALANÇA COMERCIAL – Segundo a Alacero, visto que a recuperação da indústria siderúrgica latino-americana está se dando em um cenário de gradual recuperação do conjunto da economia industrial da região, a prioridade tem sido o abastecimento dos mercados locais. Isso tem se refletido negativamente, porém, na balança comercial do setor. 

As importações em janeiro registraram um aumento de 5,7% na comparação com janeiro de 2020, e as exportações do mês caíram 27,3% diante do mesmo período do ano passado. Este último resultado foi 12,4% inferior a dezembro do ano passado, e representou só 11,4% da produção regional em janeiro, abaixo da participação de 15,6% em 2020. 

Como consequência direta desse desempenho, houve um agravamento do déficit da balança comercial do segmento, que já tinha sido registrado em novembro e dezembro. Em janeiro, as importações representaram 35% do consumo regional, contra 33% observados durante 2020. 

“Isto significa que, neste momento, devemos firmemente cuidar das condições do mercado diante da ameaça crescente das importações e do aumento do déficit comercial”, disse Francisco Leal, diretor-geral da Alacero. “Ainda enfrentamos um período de incertezas e precisamos aprofundar o processo de obtenção do equilíbrio entre a demanda e a produção”. 

Leal afirmou, no entanto, ter convicção de que a recuperação econômica deverá se acelerar na América Latina na segunda metade do ano, e que, por tabela, a produção de aço manterá sua curva ascendente e que o consumo sustentará o seu crescimento em nível regional, com o déficit comercial sob controle. 

As máquinas das usinas já estão sendo aquecidas para atender um aumento mais forte da demanda. A produção acumulada de aço bruto até fevereiro foi de 10,21 milhões de t, representando um aumento de 3,9% na comparação com o mesmo período de 2020. Já o acumulado da produção de aço laminado cresceu 3,4%, atingindo 4,18 milhões de t no mês de fevereiro, 2% acima do mês anterior. 

fonte: https://ipesi.com.br/puxado-pelo-brasil-producao-e-consumo-de-aco-da-america-latina-crescem/