20/06/13 09h56

Quilo de vendas externas de SP vale mais

Brasil Econômico

Enquanto países como Japão e Reino Unido deixaram a lista de principais destinos das exportações do Estado de São Paulo nos últimos anos, outros como Colômbia e Venezuela, além da China, ascenderam para o grupo. "São Paulo redirecionou seus mercados, e está se voltando mais para a América Latina", diz o gerente de indicadores econômicos da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), Vagner Bessa. "Perdemos espaço em países que sofreram com a crise e onde o ritmo de crescimento foi menor, e, com isso, os empresários paulistas foram buscando estes mercados mais próximos."

O resultado faz parte de levantamento feito pela Fundação Seade detalhando as exportações de São Paulo em 1999, quando o câmbio passou a ser flutuante, e em 2012. "São Paulo tem um perfil de exportações muito diferente do brasileiro, com uma matriz industrial de maior nível tecnológico e com destinos diferentes, e identificamos a necessidade de entender melhor esse perfil", disse Bessa.

Em 1999, dos 10 principais destinos das exportações paulistas, seis eram países desenvolvidos: Estados Unidos em primeiro, com 24,5% do bolo, seguido por Argentina (16,4%), Holanda (4,9%), México (3,6%), Bélgica (3,6%) e Alemanha (3,3%). Em 2012, os países desenvolvidos eram apenas quatro, enquanto os da América Latina, que eram três em 1999, subiram para cinco: a Argentina passou à liderança, mesmo com menor participação (13,6%), Estados Unidos vêm em segundo (12,8%), seguidos por China (5,5%), Holanda (4,3%), México (3,8%) e Venezuela (3,8%).

"Nesse momento, em que Estados Unidos e Europa tiveram baixo crescimento, os países sul americanos entraram com mais força no circuito das exportações paulistas. Dessa forma, São Paulo se torna uma espécie de plataforma de produtos industrializados para a América do Sul", aponta Bessa, que destaca a importância do fortalecimento do Mercosul e de outros acordos bilaterais na região, além de uma maior estabilidade na relação com a Argentina, como forma de estimular o mercado paulista e, com ele, as exportações de produtos de alto valor agregado do país.

Segundo o levantamento da Fundação Seade, feito com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), enquanto os produtos industrializados respondem por 51,1% das exportações brasileiras, em São Paulo essa participação chega a 87,1%. E, embora as exportações originadas de São Paulo respondam por 24,5% do total do país, no caso dos industrializados elas respondem por 41,7%.

A diferença aparece também no preço médio do que é exportado: enquanto, em nível nacional, cada quilo do que é vendido para fora custa, em média, US$ 0,40, em São Paulo isso chega a US$ 1,60. "Esta comparação serve como um indicador de intensidade tecnológica", explica Maria Regina Marinho, técnica da Fundação Seade e coordenadora da pesquisa. "Os manufaturados puxam a média de São Paulo para cima, pois eles são vendidos a US$ 2,60 por quilo, enquanto no Brasil são os básicos que puxam para baixo, com uma média de US$ 0,30 o quilo."

Os números nacionais são resultado de uma pauta que é composta em 46,8% por produtos básicos - ante 8% em São Paulo, concentrado em carne e café - e que é liderada por minério de ferro, petróleo, soja e açúcar, exportados em massa para a China, que é hoje o principal parceiro comercial do país e, com uma fatia de 17% do total, tem um peso mais de três vezes maior para o país do que para São Paulo. No Estado, o açúcar é também o primeiro da lista, com 8,7% de participação na receita, mas vem seguido por uma ranking que mistura os básicos e semifaturados a produtos de alto valor: aviões (5,7%) é o segundo mais exportado, seguido por outros açúcares (3,8%), etanol (2,1%), automóveis (2,1%), carnes (1,7%) e suco de laranja (1,5%).

A perda de participação dos países desenvolvidos entre os destinos das exportações paulistas, no entanto, não significam que estas tenham encolhido - elas apenas perderam espaço para outros países que avançaram com mais força na última década. No total, de 1999 a 2012, as exportações paulistas tiveram um avanço de 145%, descontada a inflação em dólar, saindo de US$ 17,5 bilhões para US$ 59,3 bilhões. As exportações brasileiras, galgadas no fenômeno China e na disparada dos preços das commodities, seu principal produto, cresceram ainda mais: saíram de US$ 48 bilhões em 1999 para US$ 242,5 bilhões em 2012, um salto de 266%.