17/02/17 14h16

Receita da Avon cresce 7% no país no quarto trimestre

Valor Econômico

A Avon apresentou crescimento de 7% nas vendas no Brasil no quarto trimestre de 2016, em relação a um ano antes, segundo relatório de resultados globais da companhia americana divulgado ontem. A variação refere-se à receita em dólares, descontada a variação cambial. No ano, pelo mesmo critério, houve aumento de 2% nas vendas.

Segundo a companhia, o crescimento no quarto trimestre ocorreu pelo aumento do tíquete médio. A empresa tem feito reajustes de preços em segmentos de maior valor, como perfumaria, enquanto mantém itens de cuidado pessoal, como xampus, sabonetes e cremes para a pele, a um valor mais acessível. A Avon elevou os investimentos em publicidade e inovação no segundo semestre, em busca de um público mais jovem.

A americana pode ter tido um trimestre melhor do que a concorrente brasileira Natura, que divulga os resultados de outubro a dezembro no dia 22. Analistas esperam a estabilização da receita bruta da Natura no Brasil no quarto trimestre, principalmente por conta de uma boa temporada de Natal, com preços mais baixos, e uma estratégia diferente do trimestre anterior, quando exagerou no repasse de custos. Mas a receita líquida da brasileira pode ter leve queda devido à carga de impostos.

As vendas na América do Sul subiram 6% em moeda constante, segundo o relatório de resultados. Houve crescimento de 7% no valor médio dos produtos, apesar de recuo de 8% em volume.

Para o analista Guilherme Assis, da Brasil Plural Corretora, o patamar de expansão da Avon no país não deve se manter ao longo de 2017. "Esperamos que o crescimento da Avon no Brasil desacelere e fique mais próximo da expansão de um dígito baixo da Natura, conforme a Avon ajusta sua política de crédito e reduz seus esforços de recrutamento", escreveu ele, em relatório enviado a investidores.

"Apesar da percepção inicial de que a Natura continua a perder participação de mercado para a Avon, acreditamos que essa tendência deve se reverter em breve, o que ao ser combinado com melhores tendências para as operações da Natura no Brasil, pode impulsionar o preço de suas ações", acrescentou Assis.

Os números globais da Avon foram mal recebidos pelo mercado nos Estados Unidos. Apesar de o prejuízo líquido ter diminuído 96,8%, para US$ 10,7 milhões, ficou abaixo do esperado por analistas. A receita líquida caiu 3,4%, para US$ 1,53 bilhão. As ações da companhia tiveram desvalorização de 18,6% ontem na bolsa de Nova York.

Em todo o ano de 2016, a Avon teve prejuízo de US$ 107,6 milhões, recuo de 90% sobre a perda líquida de 2015. A receita somou US$ 5,6 bilhões, queda de 8%.

A companhia informou US$ 120 milhões de economia de custos no ano, com a dívida sendo reduzida em cerca de US$ 260 milhões.

"Os resultados foram desanimadores pela perspectiva de perda de representantes de vendas e vendas abaixo do esperado. Porém, a redução de custo e a expansão da margem foram ótimas", disse a analista Wendy Nicholson, em relatório da Citi Corretora.