09/12/14 12h37

Região se destaca em investimentos com selo ecológico

Agência Metropolitana de Campinas

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) preconiza que a economia verde resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social e também reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica. E em tempos de crise hídrica e desmatamento da Amazônia, o tema ganha cada dia mais espaço tanto nas empresas quanto entre os consumidores. Para quem vive na região de Campinas, há boas notícias nesse tema: ela está entre as cinco primeiras no ranking paulista na utilização da linha de financiamento “Economia Verde” da Desenvolve SP, banco de fomento estadual, com um total de R$ 1,2 milhão (US$ 461,5 mil).

Os recursos são direcionados para projetos sustentáveis executados por pequenas e médias empresas. O objetivo é promover iniciativas que reduzam a emissão de gases do efeito estufa e também diminuir os impactos das atividades produtivas no meio ambiente. Nos três últimos anos, foram injetados R$ 100 milhões (US$ 38,5 milhões) na linha. O maior tomador de empréstimos foi a indústria, com R$ 52 milhões (US$ 20 milhões). Os desembolsos foram divididos em 57% para empresas de médio porte e 43% para negócios de pequeno porte.

O superintendente de Negócios da Desenvolve SP, Eduardo Saggiorato, afirma que a linha surgiu dentro da política estadual de mudanças climáticas, que prevê a redução das emissões de gases do efeito estufa em 20% até 2020. “Com o tempo, além da diminuição dos gases do efeito estufa, outras ações foram implementadas como a eficiência energética, o reflorestamento e também a mitigação de impactos sociais”, diz. Ele comenta que a pauta de sustentabilidade ganha espaço entre as empresas e os recursos passaram a ser empregados em modernização da produção e também em empreendimentos ambientalmente corretos.

Saggiorato ressalta que há uma tendência das empresas de apostarem em projetos que reduzam os impactos ambientais e sociais. “Na lista de projetos beneficiados com os financiamentos estão empresas que modernizaram a produção, hotéis com construções sustentáveis, compra e instalação de biodigestores para tratamento de resíduos, placas solares, aerogeradores e caldeiras a biomassa, entre várias outras iniciativas”, salienta. Ele diz que os cenários futuros impõem planejamento e foco em sustentabilidade.

Linha

Saggiorato pontua que a composição dos financiamentos depende do modelo de negócios e do projeto. Ele diz que a região de Campinas teve pelo menos três projetos contemplados com empréstimos que somaram R$ 1,2 milhão (US$ 461,5 mil). “A linha Economia Verde é muita vantajosa. Os juros são de 5% ao ano mais o IPC da Fipe e os prazos para pagamento são de até dez, com uma carência máxima de 24 meses”. O órgão financia a expansão e modernização de empresas com faturamento anual a partir de R$ 360 mil (US$ 138,5 mil). os projetos podem estar entre R$ 30 mil (US$ 11,5 mil) até R$ 30 milhões (US$ 11,5 milhões). “O valor médio dos financiamentos gira entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão (US$ 307,7 mil e US$ 384,6 mil)”, diz. Em pouco mais de dois anos foram emprestados R$ 100 milhões (US$ 38,5 milhões) em projetos verdes no Estado.

Exemplos regionais mostram efeitos positivos

A Marcamp foi uma da beneficiadas pela linha Economia Verde da Desenvolve SP. A empresa tomou emprestado R$ 620 mil (US$ 238,5 mil) para mudar sua frota de veículos. O diretor-financeiro da empresa, Cláudio Degrecci, informa que os recursos permitiram a troca de 24 veículos com redução de até 98% na emissão de gás carbônico. Ele ressalta que os benefícios da iniciativa foram o reconhecimento dos clientes, o exemplo da cultura de sustentabilidade para os empregados e melhor gestão da frota.

Segundo Degrecci, além da troca de veículos que rodavam com combustíveis fósseis para outros que utilizam combustíveis de matrizes renováveis, a empresa implantou uma estação compacta de tratamento de esgoto, investiu na substituição da estopa por panos recicláveis e em uma estação separadora de óleo com destinação adequada do produto por uma empresa especializada.

Outro exemplo de iniciativa verde vem de Sumaré, onde a ProGrave, que atua com mídias digitais, criou um sistema de monitores para eliminar os painéis de papel com promoções instalados dentro dos supermercados. “Diariamente, um supermercado de porte médio joga no lixo de três a quatro quilos de papel. O sistema que criamos permite uma mudança constante dos dados e redução do impacto com gastos de papel. E os monitores têm certificação de baixo consumo de energia elétrica”, comenta o diretor da empresa, Reginaldo Leite. Ele diz que o produto foi lançado há três meses e custa R$ 4,5 mil (US$ 1,7 mil).