30/11/10 11h10

Renner planeja operação internacional

Valor Econômico

Ao mesmo tempo em que acelera o ritmo de expansão no país, com previsão de chegar a um total de 250 a 300 lojas até 2015, a Lojas Renner prepara-se para se transformar na primeira multinacional brasileira no varejo de vestuário. Segundo o diretor-presidente da companhia, José Galló, ainda é preciso ganhar mais alguma "musculatura" no mercado interno, mas o primeiro passo no exterior poderá ser dado num prazo de "três a quatro anos".

"Um dia vamos sair do Brasil", disse ontem o executivo, que fez uma apresentação para analistas na sede da companhia, em Porto Alegre. Sem especificar países, nem se o avanço será via aquisições ou abertura de lojas próprias, ele revelou que a caminhada começará pela América Latina, depois que a rede chegar a pelo menos 200 unidades no mercado brasileiro, onde ocupa o segundo lugar no segmento, atrás apenas da holandesa C&A. "Estamos conhecendo outros países", comentou.

A Renner vai encerrar este ano com 134 lojas, ante 120 em 2009. Das 14 projetadas para o exercício faltam apenas as de São Gonçalo (RJ), Santa Maria (RS), Salvador (BA) e Franca (SP). Em 2011 serão inauguradas mais 30 unidades, que junto com as ampliações dos centros de distribuição vão exigir investimentos fixos (Capex) superiores aos R$ 140 milhões (US$ 82,4 milhões) previstos para 2010 - que já serão 100% maiores do que os do ano passado, explicou o diretor financeiro e de relações com investidores da varejista, Adalberto Santos.

Das 250 a 300 lojas previstas para 2015, de 80 a 100 serão "compactas", com área média de 1,2 mil metros quadrados - aproximadamente a metade das unidades tradicionais - e focadas em praças de porte médio. A primeira foi aberta este mês em Caxias do Sul (RS) e as próximas, também programadas para este ano, ficarão em Salvador e Franca. Em 2011 a maior parte das 30 novas lojas ainda será do tamanho convencional, disse o diretor-presidente. Pelo menos duas ou três compactas serão de rua e o avanço do novo modelo também vai exigir investimentos pesados em logística, já que os pontos de venda menores dispõem de áreas de estocagem reduzidas e necessitam de reposição mais frequentes de mercadorias.

O objetivo, segundo Galló, é duplicar a área atual de estocagem, de 40 mil metros quadrados distribuídos entre os centros de distribuição de Palhoça (SC) e São Bernardo do Campo (SP). Conforme Santos, o trabalho irá até 2013, com a ampliação dos dois CDs atuais e a construção de um terceiro em local ainda não definido, mas que será escolhido levando-se em consideração questões como proximidade dos fornecedores e eventuais incentivos fiscais oferecidos pelos governos estaduais. Santos disse ainda que os investimentos de 2011 serão financiados com caixa próprio, mas a empresa também estuda tomar linhas de longo prazo para bancar parte do projeto de expansão dos CDs, que tem retorno mais demorado.